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Após postergar compra de vacina, Bolsonaro diz que não errou na pandemia

Clauber Cleber Caetano/Presidência da República
Imagem: Clauber Cleber Caetano/Presidência da República

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

07/04/2022 15h54Atualizada em 07/04/2022 16h17

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje considerar que "não errou nada sobre a pandemia" durante os últimos dois anos, período em que o país contabiliza mais de 660 mil mortes decorrentes da crise sanitária provocada pela covid-19.

"A gente vai se adequando, buscando cada vez mais agir de forma correta no tocante a essa pandemia que está acabando. E digo a vocês: não errei nada sobre a pandemia. Mas tudo bem... não sou médico, não. Mas antes de tudo, sempre busquei zelar pela autonomia do médico."

O governante ignorou o fato, por exemplo, de que a administração federal postergou a compra de vacinas, principalmente nas negociações com a farmacêutica Pfizer, conforme mostraram depoimentos prestados à CPI da Covid, no Senado Federal, durante o ano passado.

Ao longo da pandemia, Bolsonaro também defendeu o uso de remédios ineficazes contra a covid-19; se opôs a medidas recomendadas por autoridades de saúde, como o isolamento social e o uso de máscaras; e atacou vacinas contra a doença apesar de elas serem comprovadamente seguras. O governante foi em várias oportunidades acusado de compartilhar fake news.

No primeiro semestre de 2021, período em que o Brasil atravessava a fase mais letal da pandemia do coronavírus, Bolsonaro divulgava informações incorretas sobre temas relacionados à doença em suas lives —tradicionalmente realizadas às quintas-feiras—, conforme mostrou reportagem do UOL Confere.

Na ocasião das 77 declarações checadas, das quais 53 sobre a pandemia, 30 foram avaliadas como falsas; 14 como sem contexto ou distorcidas; seis como imprecisas; e três como verdadeiras.

Bolsonaro sinaliza mudança de 'pandemia' para 'endemia'

Bolsonaro afirmou ainda entender que, "nos próximos dias", o Brasil passará a ter uma endemia. Apesar da fala do presidente, não ainda há perspectiva oficial de que o Ministério da Saúde faça alguma atualização de status em relação à crise sanitária.

Há 41 dias consecutivos, o país registra tendência de queda na média móvel pela covid-19.

"Vivemos um momento atípico. A guerra, a pandemia ainda, acho que nos próximos dias passaremos de pandemia para endemia", comentou ele durante participação em solenidade no Banco do Brasil, em Brasília, na tarde de hoje.

Se confirmada, a mudança simbolizaria a transição de um estágio de emergência sanitária global (pandemia) para uma fase em que a população passa a ter convivência com o vírus (endemia), com número estável de casos e mortes.