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Mirian Leitão rebate Mourão após ironia sobre áudios que revelam tortura

Do UOL, em São Paulo

18/04/2022 14h48

A jornalista Miriam Leitão rebateu hoje, em sua coluna no jornal O Globo, as falas do vice-presidente, Hamilton Mourão, sobre o caso dos áudios que comprovam tortura no período da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985). Para ela, as declarações seriam "coerentes com a defesa que ele faz do torturador símbolo".

Ontem, a jornalista — que já relatou anteriormente ter sido vítima de tortura durante o governo militar, trancada, grávida e nua, em uma sala com uma cobra - publicou uma reportagem e áudios do STM (Superior Tribunal Militar) que comprovariam episódios de violência contra presos políticos. Os áudios estão sendo analisados desde 2017 por Carlos Fico, professor de História do Brasil da UFRJ.

Ao ser perguntado sobre o teor dos áudios publicados por Miriam Leitão, Mourão zombou de uma possível investigação. "Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. [risos]. Vai trazer os caras do túmulo de volta?"

Em resposta, Miriam disse que o deboche seria justamente a razão da importância dos áudios, por ser a reconstituição de um período doloroso da história brasileira. Ela cita alguns casos específicos revelados pelas gravações, como a de Nádia Nascimento, à época grávida, mas que perdeu o filho após sessões de tortura.

Mourão já deu outras declarações em que relativizava ou apoiava de forma mais clara a ditadura militar. Em 31 de março deste ano, às vésperas da data que marca o início do regime militar, o vice-presidente disse que a nação teria salvado a si própria.

Os áudios são do período de 1975 a 1985, que abarcou os chamados "anos de chumbo" e de maior repressão, até o fim da ditadura. São 10 mil horas de gravações entre esses 10 anos.

O senador Humberto Costa, (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, disse, ontem, em sua conta no Twitter, que pediria acesso aos áudios das sessões do Superior Tribunal Militar para que uma análise seja feita.