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Pastor Henrique Vieira: 'É um contrassenso um pastor andar armado'

Do UOL, em São Paulo

27/04/2022 12h49Atualizada em 27/04/2022 13h37

O pastor e teólogo Henrique Vieira criticou hoje o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que disparou acidentalmente uma arma de fogo num aeroporto de Brasília na segunda-feira (25). Ele participou hoje do UOL News.

"Lamento o acontecimento e, como discípulo, não vejo qualquer sentido para que um pastor ande armado e estimule o uso de arma pela população. Do ponto de vista teólogo, bíblico, considero um contrassenso. Não dá para imaginar Jesus incentivando o uso da arma ou apostando na violência como forma de resolução de conflito", afirmou Henrique Vieira.

Ele acrescentou que causa estranhamento a "lógica bolsonarista de estimular o uso da arma como forma de resolver conflitos e promover a paz".

Documentos aos quais o UOL teve acesso mostram que a Polícia Federal autorizou o porte de arma por Milton Ribeiro apenas duas semanas após o requerimento. O tempo médio estimado para a prestação do serviço é de 31 a 60 dias, segundo o governo federal.

Discurso do governo Bolsonaro é o que mataria Jesus hoje

O pastor Henrique Vieira também criticou o discurso de ministros e do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL).

Esse é um governo armado com características de quadrilha, de organização criminosa, de milícia. Está evidente que é um projeto de ódio que descarta a importância da vida. É um projeto deliberado e intencionalmente de morte.
Pastor Henrique Vieira em entrevista ao UOL News

Ele continuou: "É preciso dizer que é um governo absolutamente incompatível com o espírito do evangelho. Esse desprezo à natureza, aos povos indígenas, ao povo negro, às mulheres. Esse sarcasmo diante do luto e do sofrimento das pessoas. Essa glorificação da violência, essa comemoração diante da morte".

Para o pastor Henrique Vieira, "é o tipo de discurso que mataria Jesus hoje".

Ele também comentou sobre o eleitorado evangélico, considerado o pote de ouro das eleições presidenciais de outubro. "Se reconhece que há uma diversidade no campo evangelho. Não é um monopólio de Bolsonaro. As pesquisas deste ano apontam, por exemplo, um empate técnico entre Lula e Bolsonaro".

"Quando faz um recorte entre mulheres, Lula está com folga na frente. Repare que o campo evangélico é plural e diverso", acrescentou.

Durante o UOL News, o pastor Henrique Vieira também comentou sobre sua possível candidatura. "Tem pessoas defendendo que um pastor negro e antifundamentalista em Brasília pode ser potente do ponto de vista político e pedagógico, mas eu, pessoalmente, e com minha família e amigos ainda não fechei uma decisão".