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Entidades da PF repudiam falas de Bolsonaro sobre aumento salarial

Sede da Polícia Federal, em Brasília - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Sede da Polícia Federal, em Brasília Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do UOL*, em São Paulo

29/04/2022 19h35

Entidades que representam diferentes categorias da PF (Polícia Federal) repudiaram falas do presidente Jair Bolsonaro (PL) que indicam o cancelamento da chamada "reestruturação" das carreiras policiais. Os grupos disseram que em outros governos a corporação conquistou "avanços importantes", mas que o governo atual age "fragilizando a instituição".

"O atual governo, no entanto, se posiciona como exceção, fragilizando a instituição com sucessivas, frequentes e injustificadas trocas em postos de comando e, agora, com o possível cancelamento, também injustificado, da necessária reestruturação. O presidente deixa, mais uma vez, de honrar com a palavra quanto à valorização e fortalecimento da Polícia Federal, buscando ainda dividir as forças de segurança", disseram.

Hoje, em entrevista à Rádio Metrópole, de Cuiabá (MT), Bolsonaro confirmou que o governo quer conceder aumento de 5% para todos os servidores públicos. O chefe do Executivo se disse "amarrado", em referência às limitações do Orçamento.

"Qual é a sugestão aqui? Daria 5% para todo mundo e o topo de vocês chegaria no topo do agente da PF. É o que está sendo discutido agora", afirmou ao entrevistador, que é policial rodoviário federal.

Mas o presidente também fez um aceno político à categoria, ciente da insatisfação com o governo: "Culpa minha, vocês não tiveram ministro da Justiça e nem diretor-geral da PRF em 2019. Passou a reforma da Previdência, vocês levaram uma paulada e ficou por isso mesmo", disse.

As associações e federações também argumentaram que "a segurança dos brasileiros não é gasto e nem favor prestado por um governante". A nota de repúdio argumenta ainda que "inúmeros pareceres e documentos" elaborados pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e corroborados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, "atestam não haver vício de legalidade" para a reestruturação

"É de se estranhar a possibilidade de cancelamento da reestruturação por parte do presidente da República. Ele próprio divulgou, de forma exaustiva, o compromisso com a reestruturação em função da importância, complexidade e responsabilidade do trabalho desempenhado pelas forças de segurança pública da União", lembraram.

Recentemente, Bolsonaro às categorias de segurança pública uma reestruturação das carreiras. No entanto, diante disso, outros grupos se mobilizaram por aumento, como os servidores do BC (Banco Central), Receita, Tesouro, e outros.

Entidades protestam contra aumento de 5% para servidores

Ontem, entidades que representam servidores da PF realizaram mobilizações em todo país para pressionar o presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto à promessa de reestruturação das carreiras policiais da União. Os integrantes da corporação estão reagindo ao aumento de 5% acordado para todo o funcionalismo.

A delegada Tania Prado, presidente da Fenadepol (Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), afirmou que o governo Bolsonaro, "ao desvalorizar a instituição e os policiais federais", passa a ser o "principal agente de enfraquecimento" da corporação. Para ela, a PF "não pode ser instrumento de marketing eleitoreiro".

"A Polícia Federal é o principal termômetro do combate à corrupção e à criminalidade no Brasil. E quando todos os parâmetros indicam que esse combate corre sérios riscos, a sociedade tem que fazer uma correção urgente de rota", disse.

* Com informações de Estadão Conteúdo