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Bolsonaro mandou Weintraub não vir ao Brasil para não ser preso, diz irmão

Arthur Weintraub e Abraham Weintraub integram o governo Bolsonaro - Reprodução/Youtube
Arthur Weintraub e Abraham Weintraub integram o governo Bolsonaro Imagem: Reprodução/Youtube

Colaboração para o UOL, em Maceió

01/06/2022 19h27Atualizada em 02/06/2022 08h35

Ex-assessor da presidência da República, Arthur Weintraub disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) aconselhou que seu irmão, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, continuasse morando nos Estados Unidos e não retornasse ao Brasil, sob o risco de ser preso.

Durante entrevista ao youtuber Monark, Arthur expôs que ele e Abraham foram ameaçados pelo governo de perderam os cargos que ocupavam na OEA (Organização dos Estados Americanos) e no Banco Mundial, respectivamente, caso insistissem em retornar ao Brasil.

Segundo contou, em dezembro de 2020, Abraham Weintraub recebeu "mensagens de pessoas próximas ao Planalto" insinuando que Bolsonaro iria demiti-lo do Banco Mundial. Arthur diz que isso aconteceu na véspera de Natal. Na véspera de ano novo, mais mensagens com as mesmas insinuações foram enviadas — posteriormente, as ameaças voltariam a se repetir em março de 2021.

Já em novembro de 2021, Arthur contou ter recebido uma ligação pessoal de Jair Bolsonaro, que questionou os rumores sobre uma candidatura de Abraham ao governo de São Paulo. O ex-assessor afirma que o presidente mandou Abraham "parar com isso aí", ou seja, com o intuito de disputar o Palácio dos Bandeirantes.

"Quando chega em novembro de 2021, Bolsonaro me liga: 'ô, cara, que história é essa de Weintraub governador?'. Eu falei: 'Presidente [a gente] nunca lançou o nome do Weintraub governador'. [Bolsonaro então disse]: 'Tem que parar com isso aí'. Em dezembro ele me liga mais calmo. Ele falou assim: 'pô, cara, estou vendo aqui que vocês querem voltar para o Brasil'. Eu falei: ué, a gente está há um ano e meio aqui, férias, a gente tem direito", declarou.

Arthur Weintraub alegou que ele e seu irmão queriam retornar ao Brasil para realizar uma série de exames, pois tratamento de saúde nos Estados Unidos, além de ser muito "caro", também "é uma porcaria". Bolsonaro então teria insistido para eles continuarem nos EUA, pois lá estavam "ganhando bem, em dólar". Foi então que o presidente pontuou que, em caso de retorno, o ex-ministro da Educação "poderia ser preso igual fizeram com Nelson Mandela", ex-presidente da África do Sul.

"Aí eu [disse]: 'presidente, a gente quer fazer... vir para o Brasil'. Ele disse: 'meu, vocês não estão com emprego legal aí, ganhando em dólar'. Falei: 'presidente, o senhor sabe que nunca foi pelo dinheiro, né, se fosse pelo dinheiro a gente pegava um conselho [para ganhar R$ 30 mil por mês], a gente não comprava briga'. Ai ele falou: 'e seu irmão pode ser preso aqui, cara'. Pode ficar igual o [Nelson] Mandela. Aí eu falei: 'mas preso por quê?' Ele falou: ô, sai da internet, fica aí, se vier aqui pode perder o emprego, pode ser preso", contou.

Por fim, Arthur afirmou que ele e Abraham retornaram ao país após fazerem uma "avaliação jurídica" e chegado a conclusão de que não seriam presos, pois isso geraria "um conflito internacional e um incidente diplomático", dado o cargo que eles ocupavam na OEA e no Banco Mundial.

Abraham Weintraub deixou o cargo que ocupava no Banco Mundial em abril para disputar o governo de São Paulo — ele mudou para os EUA após deixar o MEC pouco tempo depois de defender a prisão de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Na ocasião, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu que Abraham fosse deportado do país norte-americano para ser preso.

Já seu irmão, Arthur, também não ocupa mais o posto na OEA. O ex-assessor foi citado na CPI da Covid como suposto integrante do chamado "gabinete paralelo" criado na gestão Bolsonaro para auxiliar na crise sanitária.

Atualmente, o ex-ministro da Educação, embora reitere que votará em Jair Bolsonaro no pleito presidencial, acusa o presidente de ter cedido ao Centrão. Recentemente, Abraham expôs mágoa por ter sido "trocado" pelo que ele chama de "velha política", e por uma aliança entre o Centrão e os generais do Exército, a quem ele culpa por serem parte do problema do Brasil.