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Bolsonaro vai a motociata com apoiadores em Orlando

Do UOL, em Brasília

11/06/2022 13h37

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de uma motociata organizada por apoiadores em Orlando, na Flórida (EUA), na manhã de hoje. Mais cedo, o presidente inaugurou um vice-consulado na cidade, reduto bolsonarista nos Estados Unidos.

Em discurso a apoiadores, o presidente disse que o mundo vive "problemas sérios" na questão econômica, mas que há uma luta do "bem contra o mal" em alguns países, como o Brasil.

"Nós temos algo muito importante para defender: temos princípios, temos uma tradição e temos liberdade. Nós somos contra o aborto, contra a ideologia de gênero, contra a liberação das drogas. Defendemos a família, a propriedade privada, a liberdade do armamento. Somos pessoais normais", disse Bolsonaro. "Podemos até viver sem oxigênio, mas jamais sem liberdade".

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos e alvo de uma ordem de prisão preventiva expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), participou da motociata e ironizou sua situação.

"O Xandão não queria que eu participasse de motociata no Brasil. Olha o que Deus faz, traz a motociata para cá", disse Allan, em uma transmissão nas redes sociais. Mais cedo, o blogueiro cumprimentou apoiadores do presidente e disse se tratava do "Datapovo".

Antes da motociata, Bolsonaro disse a jornalistas que não descartava encontrar o blogueiro durante o evento. "Se ele estiver presente, falo com ele. É um cidadão brasileiro. Se expressou, se foi bem ou mal, mas sua pena jamais poderia ser ameaça de prisão", disse.

Bolsonaro participa de uma motociata em Orlando - Gregg Newton/AFP - Gregg Newton/AFP
Bolsonaro participa de uma motociata em Orlando
Imagem: Gregg Newton/AFP

Encontro com Trump

Bolsonaro também afirmou que planeja se encontrar com o ex-mandatário norte-americano Donald Trump antes das eleições no Brasil, em outubro.

"Conversei com ele esta semana e convidei como sempre. Ele quer, dois meses antes da eleição, encontrar comigo aqui [nos Estados Unidos] ou lá [no Brail]", disse à imprensa.

Bolsonaro ainda confirmou que poderia ter se encontrado com Trump nessa visita, mas que o momento não era adequado, além de ter "que fazer uma viagem mais longa" para isso.

Esta semana, Trump foi acusado por uma comissão parlamentar de inquérito de ter orquestrado a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 numa "tentativa de golpe".

'Democraticamente'

Mais cedo, Bolsonaro disse na inauguração do vice-consulado em Orlando que espera entregar "bem lá na frente" o país para seu sucessor de forma democrática, repetindo o discurso adotado no encontro bilateral com o presidente americano Joe Biden na quinta (9).

"Eu só peço a Deus, lá na frente, bem lá na frente, poder entregar para quem me suceder democraticamente um Brasil bem melhor do que aquele que recebi em 2019".

A Biden, Bolsonaro disse que o Brasil teria "eleições limpas, confiáveis e auditáveis". "Cheguei pela democracia e tenho certeza que, quando deixar o governo, também será de forma democrática", disse.

As declarações feitas por Bolsonaro nos Estados Unidos se opõem aos ataques constantes do presidente ao sistema eleitoral e às insinuações de que não aceitaria eventual derrota nas urnas.

Na terça (7), Bolsonaro afirmou que ele e as Forças Armadas "não farão papel de idiota", em resposta a uma declaração do ministro Edson Fachin, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que disse que as eleições são assunto para "forças desarmadas".

"As Forças Armadas descobrem centenas de vulnerabilidades [nas urnas], apresentam nove sugestões, não gostaram. Eleição é coisa para forças desarmadas. Convidaram eles para que, ora bola? Para fazer papel de quê? Eu que sou chefe das Forças Armadas. Nós não vamos fazer o papel de idiotas. Eu tenho a obrigação de agir. Tenho jogado dentro das quatro linhas, não acho uma só palavra minha, gesto ou ato fora da constituição", disse Bolsonaro.

Ontem, o Ministério da Defesa encaminhou ofício ao TSE reclamando que não estão sendo "prestigiadas" pelo tribunal na condução do processo eleitoral. O documento diz ainda que aos militares "não interessa" concluir o processo eleitoral sob a "desconfiança dos eleitores".

"Eleições transparentes são questões de soberania nacional e de respeito aos eleitores", disse a Defesa.

Em nota, o TSE informou que "analisará todo o conteúdo remetido" pelo Ministério da Defesa e que contribuições são sempre bem-vindas.

"O TSE, conforme tem reafirmado o presidente Edson Fachin, tem trabalhado de forma incessante para garantir eleições limpas, justas e seguras, em que o desejo da população, expresso por meio do voto, seja respeitado e cumprido dentro do Estado Democrático de Direito. A Justiça Eleitoral está preparada para conduzir as eleições de 2022 com paz e segurança", afirmou o tribunal.