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Zambelli e filhos de Bolsonaro lamentam vitória de Petro: 'Pobre Colômbia'

Gustavo Petro, novo presidente da Colômbia - REUTERS/Luisa Gonzalez
Gustavo Petro, novo presidente da Colômbia Imagem: REUTERS/Luisa Gonzalez

Do UOL, em São Paulo

20/06/2022 09h07Atualizada em 20/06/2022 13h21

Filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados políticos lamentaram a vitória do senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro como primeiro presidente da esquerda da Colômbia. Petro foi eleito presidente ontem, com mais de 50% dos votos. Ele derrotou o empresário Rodolfo Hernández.

Bolsonaro também enviou uma reportagem da BBC News Brasil com o título "Ex-guerrilheiro vence eleição na Colômbia e será primeiro presidente de esquerda do país" para uma lista de transmissão que mantém no WhatsApp, segundo informou o jornal "Folha de S.Paulo".

Abaixo da foto, o presidente brasileiro escreveu: "Cuba... Venezuela... Argentina... Chile ... Colômbia... Brasil???", numa referência ao fato de a esquerda, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ter chance de voltar ao poder no país. Bolsonaro ainda não comentou nem cumprimentou o colega colombiano publicamente.

Nas redes sociais, o tom adotado por bolsonaristas foi o de lamentação e pressão.

"A responsabilidade do eleitor brasileiro só aumenta. Já não é mais "tão somente" pelo Brasil, é por toda a região", escreveu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente Bolsonaro.

"O voto 'lulo' pregado pelos 'isentões' e pelos 'faria lulers' no Brasil fez mais um na América Latina. Nada disso tem a ver com Jair Bolsonaro, mas somente com você! Basta olhar as catástrofes que nossos vizinhos estão sofrendo ou já sofreram. A escolha é dos senhores!, ressaltou Carlos Bolsonaro, também filho de Bolsonaro.

"Pobre Colômbia... Foro de São Paulo deve estar em festa novamente, para o lamento do povo, que sofrerá as consequências da abstenção nas eleições.Teremos uma nova Venezuela na América Latina para acompanhar a Argentina", escreveu Carla Zambelli, uma das principais aliadas de Bolsonaro.

Petro militou no M-19, uma guerrilha nacionalista de origem urbana que assinou a paz em 1990. Admirador do Prêmio Nobel Gabriel García Márquez, na clandestinidade adotou o nome Aureliano, em homenagem ao personagem de "Cem Anos de Solidão".

Foi detido e torturado pelos militares e ficou preso por um ano e meio. Sempre foi um combatente "medíocre", de acordo com seus ex-companheiros de armas.

Em sua biografia, destaca: "Nunca senti, ao contrário de muitos de meus companheiros, uma vocação militar (...) o que eu queria era fazer a revolução".

Sua "opção preferencial pelos pobres", sustenta, não provém do marxismo, mas da teologia da libertação.

Candidato pelo Pacto Histórico, endossa a defesa do meio ambiente. Ele propõe parar a exploração de petróleo (cujo comércio representa 4% do PIB) em uma "transição" para as energias limpas.

Petro quer fortalecer o Estado e cobrar mais impostos dos ricos. Antes do segundo turno, mostrou-se um político moderado, próximo do povo e do feminismo.

"Quando subia em um palanque e falava por uma hora e meia (...), o que fazia era aprofundar em detalhes seu modelo econômico (...) e isso se torna um pouco sofisticado", admite Alfonso Prada, diretor de debates do esquerdista.

Diante dos temores que desperta, Petro prometeu que não tentará a reeleição por reforma constitucional, nem será motivado por vinganças pessoais, e que respeitará a propriedade privada.

"Digo enfaticamente que nunca pensei, nem vou pensar em confiscar ou menosprezar" os bens, afirmou.