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Ex-MEC: Milton Ribeiro tem chance de prestar serviço dizendo tudo que sabe

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/06/2022 15h39

O professor e ex-ministro da Educação, Cristovam Buarque, afirmou hoje ao UOL que o também ex-ministro Milton Ribeiro, que foi preso pela Polícia Federal por suspeitas de corrupção e tráfico de influência dentro do Ministério da Educação, tem em mãos "a chance de prestar um grande serviço à nação". Para Buarque, Ribeiro deveria colaborar com as investigações "dizendo tudo que sabe sobre o esquema de liberação de verbas da educação."

"Acho que o ministro agora poderia dar uma prova de republicanismo dizendo tudo o que sabe e assumindo as consequências, mas não ficando essas consequências só sobre ele. Além do presidente, deve ter muito parlamentar que pediu favores no uso de recursos em troca de propina. Então, ministro, aproveita esse momento e diga tudo o que sabe, demonstre ao Brasil inteiro o que está nas entranhas do governo Bolsonaro", disse durante participação no UOL News.

Buarque também disse que não pode afirmar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente de todo o esquema, mas que seria um atestado de incompetência não saber o que acontece em seu próprio governo.

"Não sei as características do governo a ponto de estar tão bem informado. Mas, se não estiver informado, é um presidente incompetente. De qualquer maneira deveria estar informado (...). Dou o benefício da dúvida, mas, se não sabia, ele é um incompetente".

Ainda sobre o atual governo, o ex-ministro lamentou toda a situação e disse que o país acaba sendo desmoralizado com os recentes acontecimentos. "O presidente Bolsonaro conseguiu desmoralizar pastores, militares e de certa maneira os eleitores que acreditaram que ele faria um governo honesto. Essa é uma tendência desse governo, onde ele põe a mão, ele desmoraliza as pessoas", disse.

"Mas a maior corrupção do governo Bolsonaro no que se refere a educação é o desprezo que ele faz a esse setor que é o pilar fundamental do progresso do Brasil (...). Os recursos que devem ser aplicados na educação têm sua destinação decidida com base em propina, até em barra de ouro. É trágico pela desonestidade moral e política das prioridades no Brasil", continuou.

Por fim, Buarque também criticou as escolhas feitas por Bolsonaro para o Ministério da Educação. Desde o início de seu mandato passaram pelo cargo Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub e Milton Ribeiro, antes do atual ministro, Victor Godoy.

"Não vejo nenhum desses ministros que justifique ter estado naquele lugar. Bolsonaro até agora não conseguiu um único que a gente possa dizer que é uma pessoa que valha a pena ter como responsável pela educação no Brasil. É um descuido completo, um absurdo. Não vejo nenhum que mereça reconhecimento como boa personalidade para a educação", finalizou.