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Advogado de Bolsonaro, Wassef nega que presidente tenha falado com Ribeiro

Eduardo Militão e Paulo Roberto Netto

do UOL, em Brasília

24/06/2022 20h08Atualizada em 24/06/2022 20h40

O advogado Frederick Wassef afirmou nesta sexta-feira (24) que o presidente Jair Bolsonaro "não teve contato" com o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, desde que ele saiu do governo. Wassef falou com jornalistas no Planalto do Planalto e negou a suspeita de que o presidente tenha interferido na investigação.

Até o momento, Bolsonaro não se manifestou sobre as suspeitas de interferência. Enquanto Wassef falava sobre o caso, em Brasília, o presidente estava em Campina Grande (PB), onde participou da festa de São João. O UOL pediu um posicionamento oficial do governo, mas não teve resposta até o momento.

Milton Ribeiro foi preso na quarta-feira (22) por suspeita de corrupção na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). O caso foi remetido hoje para o STF (Supremo Tribunal Federal) depois que o MPF (Ministério Público Federal) apontou suposta ação de Bolsonaro no caso.

Em interceptação telefônica, Milton Ribeiro disse à filha que recebeu informações de Bolsonaro sobre uma possível operação. A conversa foi divulgada pela GloboNews e também foi obtida pelo UOL.

"A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?", disse Ribeiro.

Ao ser questionado, Wassef negou que Bolsonaro tenha conversado com o ex-ministro e criticou vazamentos da investigação, afirmando que "tentam criar coisas que não existem".

"O presidente Bolsonaro não tem nada a ver com este inquérito, não falou com ministro, não interferiu na Polícia Federal. É uma nova campanha de acusações infundadas", afirmou. "Todos os inquéritos, todas as acusações feitas até hoje contra o presidente Bolsonaro, ficou provado que não existe nada, sempre fica provado que ele é inocente".

Wassef também disse que cabia a Ribeiro responder sobre sua fala.

"O ministro é quem tem que dizer porque está fazendo essa afirmação. Se é que é verdade. O que temos é um vazamento de um trecho de material sigiloso, tirado de contexto, e aí nós criamos um tsunami midiático, uma pré-condenação", afirmou.

O advogado também criticou o delegado Bruno Calandrini. Como mostrou o UOL, o delegado apontou que Milton Ribeiro estava "ciente" das buscas e que supostamente teria obtido a informação através de um telefonema com Bolsonaro.

"Desafio o delegado vir diante das câmeras e falar que o presidente Bolsonaro interferiu", disse Wassef.

Em despacho, Calandrini diz que os indícios de vazamento "são verossímeis e necessitam de aprofundamento".

Nos chamou a atenção a preocupação e fala idêntica quase que decorada de Milton com Waldemiro e Adolfo e, sobretudo, a precisão da afirmação de Milton ao relatar à sua filha Juliana que seria alvo de busca e apreensão, informação supostamente obtida através de ligação recebida do Presidente da República"
Bruno Calandrini, delegado de Polícia Federal

O UOL entrou em contato com o Palácio do Planalto, mas não obteve resposta até o momento. O espaço segue aberto a manifestações.

O advogado de Ribeiro, Daniel Bialski, afirmou por meio de nota que o áudio foi realizado antes da deflagração da operação e questionou a competência da Justiça Federal em Brasília em julgar o caso, após a investigação ser enviada ao STF.

Para ele, tudo indica que há motivos para anular ao menos parte das decisões da operação. "Causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação", afirmou. "Se realmente esse fato se comprovar, atos e decisões tomadas são nulos por absoluta incompetência", disse.