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Em MS, Bolsonaro cita Caixa ao falar do BNDES, mas silencia sobre escândalo

Pedro Guimarães ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) - ADRIANO MACHADO
Pedro Guimarães ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) Imagem: ADRIANO MACHADO

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

30/06/2022 13h22Atualizada em 30/06/2022 13h44

O presidente Jair Bolsonaro (PL) citou hoje a Caixa Econômica Federal ao comentar as políticas de sua gestão para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), mas evitou fazer qualquer menção ao escândalo envolvendo o agora ex-presidente do banco estatal Pedro Guimarães.

O ex-executivo deixou o cargo após denúncias de assédio moral e sexual contra funcionárias. O caso, revelado em reportagem do site Metrópoles, já está sendo investigado. Guimarães nega a autoria dos crimes.

Bolsonaro participou hoje de evento de entrega de moradias populares em Campo Grande (MS). No discurso, o governante afirmou que, desde que tomou posse, decidiu mudar as diretrizes de investimento do BNDES e voltou a acusar as gestões anteriores de supostamente financiar "ditaduras" na América do Sul, na América Central e em alguns países da África.

"Queremos que o dinheiro do Brasil, em especial via BNDES, não vá mais para fora da nossa pátria. (...) Assim é o BNDES, assim é a Caixa, assim é o Banco do Brasil, como vimos no dia de ontem a questão do Plano Safra. O Brasil é um país inigualável, até pela sua extensão territorial", declarou Bolsonaro.

Pedro Guimarães oficializou o pedido de demissão, motivado pela repercussão do escândalo, em carta divulgada nas redes sociais, ontem (29).

No texto, o economista declarou que combateu o assédio dentro do banco, negou as acusações e disse ser colocado em uma "situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade".

Guimarães afirmou ainda que sua ascensão profissional não ocorreu em decorrência de "troca de favores" ou "pagamento por qualquer vantagem".

Indicado ao cargo por Bolsonaro em 2019, o ex-presidente da Caixa declarou que "notícias e informações equivocadas" atingiram sua esposa, os dois filhos, seu casamento de 18 anos "antes que se possa contrapor um mínimo de argumentos de defesa". Ele também citou a abertura de investigação do MPF (Ministério Público Federal) para apurar as denúncias. Agora, o MPT (Ministério Público do Trabalho) do Distrito Federal e o TCU (Tribunal de Contas da União) também apuram o caso.

Guimarães foi substituído no comando da Caixa por Daniella Marques, que era secretária especial de Produtividade e Competitividade e uma das pessoas de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Elogios para Tereza Cristina

Durante o discurso, Bolsonaro elogiou de forma enfática a sua ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que se licenciou do cargo para disputar uma vaga no Senado pelo Mato Grosso do Sul. Em tom de brincadeira, ele destacou que, apesar da estatura baixa da subordinada, ela foi uma "gigante durante a pandemia".

"Nós podemos viver sem muita coisa, mas não sobrevivemos sem alimento", disse o presidente para destacar a importância da pasta que Tereza comandou. Ao falar da aliada, Bolsonaro afirmou que ela pode "ser frágil na aparência, ou até mesmo por ser pequena, mas é uma pessoa admirada e amada por todos nós em Brasília."

Tereza chegou a ser cotada para candidata a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, mas o pré-candidato à reeleição optou por um militar, o ex-ministro da Casa Civil, general Walter de Souza Braga Netto.