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Em culto, ex-ministro Ribeiro diz estar de 'coração partido' por acusações

Do UOL, em São Paulo

12/07/2022 15h11Atualizada em 12/07/2022 15h11

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro afirmou, durante culto no último domingo na Igreja Jardim de Oração, em Santos (SP), que está "de coração partido" pelas acusações de corrupção. O pastor presbiteriano disse a fiéis que vai se explicar "em momento oportuno" sobre o que o levou a deixar o comando da pasta.

O aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso no dia 22 de junho, acusado de estar envolvido em esquema de corrupção e tráfico de influência no Ministério da Educação. Outros pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, que atuavam como lobistas, também foram presos. Os três foram soltos um dia depois, por decisão do TRF-1 (Tribunal Regional Federação da 1ª Região).

"Uma das coisas que eu tenho mais lutado, e que tem mais me ferido nestes tempos, é claro que é o meu nome, o nome da minha família, mas o nome de Deus. Isso tem me deixado o coração partido. Mas tudo a seu tempo. Eu aguardo, estou aprendendo", disse na igreja.

A primeira afirmação foi feita em cerimônia durante a manhã. Pela noite, o ex-ministro participou de outro culto, no qual pediu benção ao presidente Bolsonaro. O pastor disse que a igreja não estaria interessada no dinheiro de ninguém e que, por isso, estaria triste por estar envolvido em denúncias desta natureza.

A acusação a que Ribeiro responde é a de favorecer o pedido de pastores na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). As falas foram publicadas pelo jornal "Folha de S.Paulo".

Escândalo do MEC

A defesa de Milton Ribeiro recentemente pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a anulação do inquérito que mira o suposto balcão de negócios montado no MEC para a liberação de verbas a prefeituras mediante pagamento de propinas.

Em petição enviada à ministra Cármen Lúcia, o criminalista Daniel Bialski diz considerar ilegal a gravação em que o ex-titular do MEC afirma priorizar a liberação de emendas a prefeituras indicadas pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

A defesa dele também critica o vazamento do áudio, afirmando que tudo teria sido "meticulosamente armado" para atingir "pretensos candidatos" nas eleições, em menção a Bolsonaro, tese corroborada pelo próprio presidente e por seus filhos.

O inquérito contra Milton Ribeiro retornou ao Supremo após o MPF (Ministério Público Federal) apontar indícios de interferência do presidente nas investigações. O caso chegou ao Supremo na semana passada e foi posto sob sigilo. Milton Ribeiro citou Bolsonaro em um diálogo grampeado pela Polícia Federal. No diálogo, o ex-ministro diz que conversou com o presidente, que disse ter tido um "pressentimento" de que o Ribeiro poderia ser alvo da investigação como forma de atingi-lo.

Por ter foro especial por prerrogativa de função, qualquer caso que envolva Bolsonaro deve ir à Suprema Corte do país.