PR: Oposição critica relatório sobre morte; bolsonaristas querem desculpas
Políticos da oposição e bolsonaristas comentaram a conclusão da Polícia Civil do Paraná de que não houve crime de ódio com motivação política no assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda pelo policial penal Jorge José da Rocha Guaranho. O atirador foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas - a pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão.
Os policiais se basearam em relato da esposa do assassino. A delegada Camila Cecconello, chefe da DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa) e responsável pela investigação, afirmou que Guaranho "teria dito [à esposa]: 'isso não vai ficar assim, nós fomos humilhados. Eu vou retornar'".
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que Marcelo é "vítima de uma violência que foi contra a democracia". O pré-candidato à presidência ressaltou que o guarda planejou uma festa de aniversário "em paz, com sua família".
A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), falou em "grande indignação" com o resultado do inquérito. Para ela, a conclusão da polícia segue a linha das opiniões do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e vão "contra a verdade dos fatos".
"As provas, que a própria polícia recolheu, mostram que o assassino foi até a festa de Marcelo de caso pensado, para agredir e ofender exclusivamente por motivação política", disse, em vídeo enviado à imprensa. Gleisi também defendeu que a investigação seja conduzida "na alçada da Justiça Federal".
A investigação concluiu que o atirador foi ao local por motivação política para "provocar" os participantes da festa, já que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, a Polícia Civil entendeu não haver provas suficientes para constatar que houve crime de ódio. Os advogados da vítima contestam a conclusão do inquérito, e vão pedir à Justiça do Paraná que determine que mais investigações sejam feitas para apurar o caso.
Pré-candidato do PSOL a deputado federal por São Paulo, Guilherme Boulos criticou a conclusão da Polícia Civil. Ele questionou quem irá "analisar a motivação política desses policiais".
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) criticou a rapidez da investigação e disse que essa foi uma "conclusão estapafúrdia". Para o político, o inquérito "confronta fatos e evidências visíveis a olho nu".
"É lamentável que um delegado se preste a fazer o jogo bolsonarista, em detrimento de seus deveres", escreveu no Twitter.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) repostou uma sequência escrita pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas). Na mensagem, o filho do presidente Bolsonaro e o ministro cobram da imprensa "esclarecimentos e pedidos de desculpa".
O deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também criticou os veículos de comunicação que, segundo ele, "correram para acusar um bolsonarista de ter assassinado um lulista por motivação política".
Outras reações
Crime por 'escalada da discussão', diz delegada
Questionada pelo UOL durante a coletiva, a delegada disse não ter feito o indiciamento por crime político por entender que não há comprovação de que o atirador pretendia impedir a vítima de exercer os seus direitos políticos.
"Para você enquadrar em crime político contra o Estado Democrático de Direito, tem alguns requisitos, como impedir ou dificultar a pessoa de exercer seus direitos políticos. Quando [Guaranho] chegou [ao local do crime], ele não tinha a intenção de efetuar os disparos. Esse acirramento da discussão fez com que o autor voltasse e praticasse o homicídio".
Embora afaste o crime de ódio, Cecconello reconhece que houve desavença política. Contudo, no entendimento dela, o crime ocorreu em decorrência da "escalada da discussão". "Parece algo que virou pessoal entre duas pessoas que discutiram por motivações políticas", disse.
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