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"Honestíssima" e "nunca traí": o que Temer falou de Dilma após impeachment

Jéssica Alves

Colaboração para o UOL

26/07/2022 04h00

Michel Temer (PMDB) e Dilma Rousseff (PT), ambos ex-presidentes do Brasil, já trocaram declarações um sobre o outro desde o fatídico episódio do impeachment em 2016, que destronou a petista e fez o político paulista assumir o poder.

Na última semana, em entrevista ao UOL, ele ressaltou que o impeachment ocorreu por ela não conseguir se relacionar com "a sociedade e o Congresso Nacional" e ainda chamou a ex-presidente de "honestíssima".

Por outro lado, Dilma criticou o comentário de Temer e em carta aberta respondeu e voltou a chamar o ex-vice de seus dois mandatos no Planalto de "golpista" e afirmou que não pretende mais "debater com este senhor".

As farpas entre os dois políticos existem bem antes do processo que retirou Rousseff da cadeira de presidente. Em 2015, ambos chegaram a alegar que manteriam apenas uma "relação institucional".

Temer, desde o impeachment, teceu diversos comentários direcionados a Dilma. Confira abaixo as principais destas falas.

"Nunca traí nem Dilma, nem ninguém. Especialmente não traí a mim mesmo"

Em entrevista ao jornal El País, realizada em 2020, Michel Temer enfatizou que não traiu Dilma, nem que tenha atuado a favor de sua destituição.

"Essa palavra traição eu nunca ouvi no PT. Eu ouvi a palavra 'golpe'. Eles até têm certa consideração por mim. Eles nunca individualizam demais. Quando falam em golpe, entendem que foi um golpe de vários partidos. Um golpe parlamentar etc. Traíra, confesso que é a primeira vez que eu ouço a palavra. Eu nunca traí nem a presidente, nem ninguém. Especialmente não traí a mim mesmo, as minhas convicções", disse na ocasião.

"Honestidade ímpar"

Antes do "honestíssima", Temer já havia manifestado sua visão sobre a honestidade da ex-presidente do Brasil. Em 2021, em entrevista à Revista Veja, Michel Temer afirmou que Dilma Rousseff tinha "honestidade ímpar" e culpa as manifestações de rua como responsáveis pelo impeachment dela.

"Ela cometeu crime no sentido institucional, com a questão das pedaladas, que levou à responsabilização política dela. Não cometeu crime no sentido penal. Às vezes se acusa a ex-presidente de uma eventual desonestidade. Convivi com ela, claro que muito decorativamente, mas devo dizer ser de uma honestidade ímpar", enfatizou.

"Jamais apoiei o golpe"

Já em 2019, em entrevista ao programa "Roda Viva", Temer afirmou que telefonema com Lula mostra como ele nunca foi "adepto do golpe".

"Jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe [...] O Lula pleiteava trazer o PMDB para impedir o impeachment e eu tentei. Mas, a esta altura, confesso, que a movimentação popular era tão grande, tão intensa, que os partidos já estavam mais ou menos vocacionados para a ideia do impedimento", disse.

"Ponte para o futuro"

Em palestra para empresários nos EUA, no ano de 2016, o então presidente Temer afirmou que ele e seu partido começaram a articular o afastamento de Rousseff em consequência direta da não aceitação do programa neoliberal do PMDB, segundo o site The Intercept.

"Há muitíssimos meses atrás, eu ainda vice-presidente, lançamos um documento chamado 'Uma Ponte Para o Futuro', porque nós verificávamos que seria impossível o governo continuar naquele rumo. E até sugerimos ao governo que adotasse as teses que nós apontávamos naquele documento chamado 'Ponte para o futuro'. Como isso não deu certo, não houve adoção, instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação à Presidência da República", enfatizou.

"Como isso poderia ser chamado de golpe?"

Em 2016, Temer concedeu entrevista à agência de notícias Dow Jones, e criticou Dilma por tratá-lo como conspirador, e o impeachment, como golpe.

"Cada passo do impeachment está na Constituição. Como isso poderia ser chamado de golpe? Ela [Dilma] tem dito que eu sou um conspirador, o que obviamente é algo triste para mim e para a Vice-Presidência da República", lamentou.

Críticas à gestão de Dilma

Enquanto era presidente interino, Michel Temer escreveu uma carta ao Congresso Nacional, em 2016, onde criticou a gestão da presidente Dilma Rousseff, que estava afastada do cargo na época.

No documento, Temer enfatizou que melhorias em programas como o Bolsa Família e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) seriam prioridade do seu governo.

"Estamos honrando os compromissos que não foram cumpridos no governo anterior e liberando a segunda parcela do que deveria ter sido pago em 2015", disse.