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Tales: Aras e Lindôra fazem jogo perigoso de olho em reeleição de Bolsonaro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/07/2022 08h59

O pedido de arquivamento de apurações derivadas da CPI da Covid contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) é um risco muito grande para o procurador-geral da República, Augusto Aras, e a vice-procuradora-geral, Lindôra Araújo, afirmou o colunista do UOL Tales Faria.

A PGR pediu ontem que sete das 10 apurações instauradas no STF (Supremo Tribunal Federal) fossem arquivadas, deixando somente dois procedimentos contra o governo federal abertos a partir dos trabalhos da comissão no Senado. Em junho, um dos casos derivados da CPI já havia sido arquivado pela Procuradoria por falta de provas.

"Aras está se arriscando há muito tempo por se misturar demais com Bolsonaro", disse Tales, durante participação no UOL News.

"Quando acabar o governo, ele pode ser responsabilizado pelos mesmos crimes que o Bolsonaro for acusado; pode ser acusado de prevaricação por não ter feito nada", acrescentou.

O colunista destaca que, nesse caso específico, a vice-procuradora-geral também arrisca ser acusada de prevaricação, pois foi ela quem assinou as manifestações pedindo o arquivamento dos casos derivados da CPI da Covid.

"[Lindôra] está na expectativa de, se esse governo permanecer, quem sabe ela não é designada para substituir o Aras numa próxima gestão. E o Aras tem a expectativa de ir pro Supremo. Eles esperam isso e já desistiram de, em outro governo [eleito], conseguirem algum carguinho desses", avaliou o jornalista.

"Vão afagando o atual presidente e torcendo para que ele seja reeleito. Só que isso é um jogo perigoso para eles próprios", concluiu Tales.

Senadores da CPI reagem

Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), que foram relator e presidente da CPI da Covid, respectivamente, criticaram a decisão da PGR de pedir que as denúncias contra Bolsonaro feitas a partir do relatório final das investigações no Senado sejam arquivadas.

No Twitter, Calheiros afirmou que a PGR "blinda" Bolsonaro às vésperas das eleições e "não surpreende ninguém". Os procedimentos apuravam supostos crimes de epidemia, prevaricação, infração de medida sanitária, charlatanismo e emprego irregular de verba pública.

Já Aziz disse que o pedido da PGR é um "desrespeito à memória e às famílias" das vítimas da doença no país.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi vice-presidente da comissão, afirmou ontem que vai recorrer da decisão da PGR.

No Twitter, o senador afirmou que a decisão da Procuradoria é "um insulto às quase 700 mil vítimas da Covid-19 no país. Augusto Aras, com este ato, se torna cúmplice dos crimes cometidos e rebaixa a PGR à condição de cabo eleitoral de Bolsonaro".

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