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Oyama: PT acredita que 'onda democrática' vai alavancar candidatura de Lula

Colaboração para o UOL, em Maceió

02/08/2022 11h31

A campanha do PT à presidência da República acredita que a "onda democrática" suscitada pela Carta em defesa da democracia lançada pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) tem potencial para alavancar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e atrair o voto útil na chapa petista, diante do "risco" que o presidente Jair Bolsonaro (PL) representa às instituições democráticas.

De acordo com a colunista do UOL Thaís Oyama, no Radar das Eleições, um coordenador da campanha petista acredita que essa "tomada de consciência" pode fazer com que eleitores dos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) optem pelo voto útil em Lula.

A aposta do PT é tamanha que o partido deixou em branco a agenda do ex-presidente para o dia 11 de agosto, quando será feita a leitura da Carta no Largo São Francisco, no centro de São Paulo, onde fica o prédio da Faculdade de Direito da USP, para não "ofuscar" o evento, que contará com a participação de diversas personalidades.

"O PT está muito animado com o que eles consideram que seja essa onda democrática crescente que foi reavivada com a Carta da Faculdade de Direito da USP. Então eles acham que isso vai ter uma repercussão grande, crescente, e vai significar lá para o final [da campanha] um estímulo ao voto útil. A ideia é que essa tomada de consciência consiga por si só neutralizar ou esvaziar as candidaturas da Simone Tebet e Ciro Gomes. Em outras palavras, os eleitores, amedrontados, ou preocupados, ou conscientes do perigo à democracia que representaria Bolsonaro, iriam todos nesse momento para a candidatura de Lula, animados por essa onda democrática, que teria começado com essa Carta pela democracia", disse Thaís Oyama.

Ainda segundo a colunista, o ex-presidente não deverá comparecer ao ato na USP, pois, em tese, o evento "nada tem a ver com o PT", apesar do potencial de atrair votos para a chapa composta por Lula e Geraldo Alckmin (PSB).

Por fim, o coordenador da campanha petista acredita que essa onda democrática "é uma grande esperança do PT", porque o partido acredita "que esse crescimento que vai vir com essa tal onda democrática vai compensar o crescimento de Bolsonaro, que eles consideram inevitável por conta da PEC dos Auxílios". Oyama diz que o PT estima entre 4% e 7% o crescimento do atual mandatário até as eleições em outubro.

Carta pela democracia

A Carta em defesa da democracia lançada no mês passado por juristas e pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) ultrapassou a marca de 600 mil assinaturas. Segundo o site que está fazendo a contagem, o total de apoios por volta das 11h desta terça-feira era de 663.268 assinaturas.

Até agora, representantes de vários setores da sociedade civil já assinaram o documento, que recebeu o nome de "Carta pela Democracia". Entre os signatários do texto estão empresários, associações que reúnem bancos e porta-vozes do setor industrial, e algumas das maiores centrais sindicais do país, como a CUT (Central Única de Trabalhadores) e a Força Sindical.

O manifesto é inspirado em uma Carta pela Democracia de 1977, na época um texto de repúdio ao regime militar redigido pelo jurista Goffredo Silva Telles.

O manifesto não cita o governo federal e nenhuma sigla que tenha representantes concorrendo nas eleições de 2022. Segundo o colunista Tales Faria, do UOL, os organizadores da campanha de Bolsonaro estariam alarmados com a repercussão do manifesto, já que nomes do empresariado constam entre os signatários do documento.