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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

As dificuldades de Lula de "limpar a área" para levar no primeiro turno

O ex-presidente Lula (PT): vitória no primeiro turno pendurada na margem de erro - TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
O ex-presidente Lula (PT): vitória no primeiro turno pendurada na margem de erro Imagem: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

01/08/2022 12h18

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De Ciro Gomes (PDT), o PT desistiu faz tempo.

Nas últimas semanas, no entanto, a sigla trabalhou arduamente para pulverizar, ou trazer para junto de si, outros presidenciáveis menos votados.

Tentou fechar uma aliança com Luciano Bivar (União Brasil), trabalhou para "melar" a convenção que oficializou a candidatura de Simone Tebet (MDB) e colocou Lula ao telefone com André Janones (Avante).

O PT se esforça para "limpar" o campo adversário porque qualquer ponto que consiga tirar de lá — venha ele do presidente Jair Bolsonaro (PL) ou de qualquer candidato nanico— pode fazer a diferença entre a eleição do petista no dia 2 de outubro ou a tensa expectativa pelo resultado no segundo turno.

Até o momento, porém, apenas a investida petista junto a Janones (1% na última pesquisa Datafolha) promete progredir.

Em entrevista hoje ao UOL News, o deputado federal do Avante disse que pode retirar sua candidatura se Lula encampar suas propostas.

Já Bivar anunciou sua saída da corrida presidencial ontem, mas não a desistência de ter nela um candidato da sua sigla, como desejava o PT.

E Tebet, malgrados os esforços do PT em sentido contrário, teve a candidatura pelo MDB confirmada há quatro dias. Com a desistência do senador tucano Tasso Jereissati de ser seu candidato a vice, a vaga deve agora ficar com a senadora e também tucana Mara Gabrilli.

Desde que seu nome foi lançado, há sete meses, Tebet não decolou (2% no último Datafolha). Embora a chegada de Mara Gabrilli na sua chapa dificilmente vire esse quadro, Lula e o PT têm motivos para franzir o cenho.

Eleita por São Paulo em 2018 com mais de 6 milhões de votos, Gabrilli, paraplégica desde os 26 anos por causa de um acidente de carro, é uma das mais ativas defensoras da acessibilidade, uma questão que, para além da retórica da diversidade, é de importância fundamental na vida dos 12,5 milhões de brasileiros que têm dificuldade para enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus.

Com o início da propaganda eleitoral na TV, a inclusão dessa pauta na campanha pode ter algum impacto nos números de Tebet. Nada que consiga levá-la ao segundo turno, mas suficiente, talvez, para atrapalhar os planos de Lula, cuja possibilidade de vitória no primeiro turno encontra-se pendurada na margem de erro das pesquisas — e assombrada pelo dado histórico segundo o qual o PT, nem em seus dias de glória, conseguiu eleger um presidente na primeira rodada.