Em debate, Cláudio Castro é alvo de ataques por 'cargos secretos' no Rio
O governador Cláudio Castro (PL), candidato à reeleição a governador do Rio de Janeiro, virou alvo de ataques hoje, no debate da Band, pelos adversários Marcelo Freixo (PSB) e Paulo Ganine (Novo) sobre escândalos envolvendo o Ceperj (Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Público do Rio).
Série de reportagens do UOL mostrou que o governo do RJ criou 20 mil cargos secretos, sem qualquer transparência. Funcionários contratados por meio de cargos secretos pela Fundação Ceperj sacaram R$ 226,4 milhões em dinheiro no Banco Bradesco neste ano.
O UOL revelou também que unidades de programas da Ceperj são dominadas por candidatos a deputado ligados a aliados de Castro e que cabos eleitorais foram nomeados por meio de cargos secretos.
Logo no primeiro bloco do debate, Freixo fez questão de abordar o escândalo em uma pergunta sobre educação destinada ao atual governador.
"Eu quero saber se o senhor conversa com fantasmas? Porque o dinheiro que foi gasto nesse crime dos fantasmas do Ceperj, R$ 226 milhões, pagaria 8.500 professores. Eu quero te ouvir falar sobre a farra dos fantasmas e quanto esse dinheiro foi retirado da educação."
Em resposta, Castro afirmou que "não existe fantasma algum se a pessoa tem que ir ao banco para receber. Todas essas pessoas tiveram que dar nome e CPF para receber no banco, então não existe essa questão de fantasma. Fantasma seria se a pessoa não tivesse ido ao banco", defendeu.
Castro citou ainda projetos no Rio que fazem parte do Ceperj como Lei Seca e Casa do Trabalhador.
Freixo aproveitou a réplica para reafirmar a falta de transparência na fundação. "Eu quero saber se você é culpado pelos fantasmas ou se você é incompetente porque não viu todas as pessoas que estavam do seu lado roubarem?", questionou novamente.
O atual governador retrucou dizendo que o candidato do PSB, que ocupava o cargo de deputado federal, não tem experiência em administração pública.
"Como você jamais administrou nada na vida, você não sabe o que é ter problema de administração, eu tive a postura que um gestor tem que ter, montei uma comissão para investigar e fui ao MP [Ministério Público do RJ] propondo um Termo de Ajustamento de conduta para organizamos o Ceperj", rebateu.
Participaram do debate Cláudio Castro (PL), Marcelo Freixo (PSB), Paulo Ganime (Novo) e Rodrigo Neves (PDT).
Castro com Bolsonaro e Freixo com Lula
Enquanto Castro não tocou no nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o debate, Freixo aproveitou para enfatizar o apoio a Lula na disputa pela Presidência durante outra pergunta destinada ao governador. "Por isso tô com Lula. Porque o Lula passou fome. Sabe o que é isso e tem compromisso de ajudar a levantar o Rio de Janeiro."
Em outra oportunidade, o candidato vinculou os dois ao número de vítimas da pandemia. "O Rio de Janeiro, talvez por sua proximidade com Bolsonaro, foi onde mais morreu gente na pandemia."
Castro aproveitou para rebater o apoio de Freixo ao ex-presidente Lula. "Você fugiu do PT chamando o Lula dos piores nomes possíveis porque você não soube enfrentar", rebateu o governador.
A aliança também sofreu ataques de Rodrigo Neves. "Ficou oito anos na oposição do governo Lula", lembrou o candidato.
Apesar da polarização do debate ficar concentrada entre Freixo e Castro, Neves e Ganime aproveitaram para alfinetar a relação do atual governador com Wilson Witzel, que sofreu impeachment no Rio.
"Governo que roubou dinheiro durante a pandemia, que inclusive fez com que o secretário fosse preso e o governador sofresse impeachment, governo que dá não transparência aos gastos do Ceperj", atacou Ganime.
"O estado nada fez durante a pandemia", completou Neves.
Freixo é vinculado a black blocs no Rio
O candidato Marcelo Freixo foi atacado ainda por Ganime e Neves em diversos momentos durante o debate. Neves vinculou o deputado aos black blocs —grupo que se tornou conhecido no Rio durante as manifestações de 2013. Já Ganime disse que Freixo "sempre atuou favorecendo a criminalidade".
"Seu partido, o PSB, foi ao STF [Supremo Tribunal Federal] para dar condições de trabalho ao bandido, proibindo operações policiais no Rio (...), sempre tratou a polícia como inimiga da sociedade."
Castro também teceu críticas semelhantes ao deputado. "Talvez na hora de defender bandido, de repente ele gostava de ir na Baixada", disse o governador ao afirmar que não havia emendas do deputado que beneficiavam à Baixada Fluminense.
Freixo rebateu as críticas: "Segurança pública a gente mede com vidas que a gente preserva e não com mortes que a gente provoca".
Pesquisas de intenção de voto
Na pesquisa do Ipec, contratada pela Associação Rio Indústria, e divulgada no último dia 21, o governador Cláudio Castro (PL) aparece com 19% das intenções de voto na disputa pelo governo do Rio de Janeiro, enquanto o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) tem 13%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos, eles estão tecnicamente empatados.
Em seguida, aparece o ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (Republicanos), com 10% das intenções de voto — ele empata com Freixo na margem de erro, mas não com Castro.
O ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) registrou 5%, e Paulo Ganime (Novo), 1%. Eduardo Serra (PCB), que não participou do debate, teve 3% das intenções de voto na pesquisa.
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