Candidato por SP, Tarcísio declara ao TSE casa de R$ 2,1 mi em Brasília

Ex-ministro do presidente Jair Bolsonaro (PL), o candidatado ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um patrimônio de R$ 2,4 milhões. A parte mais valiosa desse total é um apartamento em Brasília (DF), comprado por R$ 2,1 milhões em 2019.

Nascido no Rio de Janeiro, Tarcísio morou na capital federal até janeiro deste ano, quando transferiu o domicílio eleitoral para São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde havia fechado contrato de aluguel de um apartamento num bairro nobre, em setembro de 2021.

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Investigada pela PF (Polícia Federal), a mudança provocou ações protocoladas pelas direções do PSOL e do União Brasil, após reportagem da Folha de S.Paulo mostrar que Tarcísio não morava no endereço declarado inicialmente ao TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo).

Em nota ao UOL, a assessoria dele afirmou que tem residência reconhecida pela Justiça, onde familiares dele residem há mais de 20 anos. "Em razão dos diversos compromissos profissionais e de pré-campanha, Tarcísio tem mantido também base na capital, pois precisa se deslocar constantemente por todo Estado de São Paulo", afirmou.

Bens declarados por Tarcísio de Freitas ao TSE

Essa é a primeira vez em que Tarcísio disputa um cargo eletivo, portanto, não há registros de anos anteriores para comparação.

• Caderneta de poupança: R$ 4.515,81
• Apartamento: R$ 2.137.160,00
• Veículo automotor terrestre: caminhão, automóvel, moto, etc.: R$ 78.000,00
• Caderneta de poupança: R$ 3.097,12
• Aplicação de renda fixa: R$ 388,84
• Veículo automotor terrestre: R$ 119.000,00
• Total em Bens: R$ 2.342.161,77

PF declara sigilo em investigação

A PF decretou sigilo da investigação sobre o domicílio eleitoral de Tarcísio. O prazo de 30 dias para a apuração venceu no último sábado (7) sem que as conclusões fossem divulgadas. Após o prazo de 30 dias, o UOL questionou o Ministério Público sobre o resultado da investigação, mas foi informado que o delegado da PF responsável pela apuração decretou sigilo. Questionada sobre os motivos para proteger a investigação, a PF não se manifestou.

PSOL questionou domicílio eleitoral de Tarcísio

Em junho, o TRE rejeitou uma petição em que o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, questionava a transferência de domicílio eleitoral do ex-ministro para São Paulo. No processo, o desembargador Silmar Fernandes, relator do caso, entendeu que o pedido para que o tribunal apurasse irregularidades no cadastro eleitoral de Tarcísio foi ajuizado fora do prazo previsto em lei. Em nota, a defesa do ex-ministro comemorou a decisão da Justiça de São Paulo.

"O arquivamento por parte do Tribunal Eleitoral de São Paulo ao questionamento do PSOL sobre domicílio eleitoral de Tarcísio de Freitas é mais uma manifestação da legitimidade e conformidade apresentada pelo pré-candidato à Justiça. A ação é também mais um sinal do incômodo que o fortalecimento e contínuo crescimento da pré-candidatura de Tarcísio tem causado na oposição".

No mesmo mês, o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) pediu a instauração de inquérito policial para investigar supostas irregularidades na declaração de domicílio eleitoral do ex-ministro. O procedimento foi solicitado por meio da Promotoria Eleitoral de São José dos Campos, após representação protocolada pelo pré-candidato a deputado estadual Renato Battista (União Brasil-SP).

Patrimônio de Garcia e Haddad

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), declarou patrimônio de R$ 5,17 milhões ao TSE. O valor é 7,5% maior que o informado em 2018, quando ele afirmou ter R$ 3,79 milhões. Atualizada pela inflação, essa quantia chega a R$ 4,81 milhões pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de julho.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) possui R$ 595.059,29 em bens, em que se destacam uma casa de R$ 183 mil e um apartamento de R$ 90 mil. Quando concorreu à Presidência em 2018, afirmou ter R$ 428.451,09; descontando a inflação, houve crescimento de R$ 8,88%.

O TSE restringiu neste ano a divulgação de informações sobre os bens dos candidatos. Agora, apenas dados genéricos sobre o patrimônio ficam disponíveis no sistema oficial, o que impede saber a localização de imóveis e modelos de veículos, por exemplo.

A medida, que tem como base a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e também ocultou os dados relativos às eleições anteriores, é apontada por especialistas como um grave retrocesso na transparência eleitoral. Os dados de pedido de registro de candidaturas são divulgados a qualquer cidadão no site do TSE.

Haddad lidera pesquisa para o governo de SP

Pesquisa do Instituto Real Time Big Data realizada com entrevistas por telefone, contratada pela Record TV e divulgada no último dia 3, mostra Haddad na liderança para o governo de São Paulo, com 33% das intenções de voto no principal cenário na pesquisa estimulada —quando o entrevistado recebe uma lista com os nomes dos pré-candidatos.

Tarcísio e Garcia aparecem com 20% e 19%, respectivamente. Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, os dois estão tecnicamente empatados. Os três candidatos mais bem colocados confirmaram presença no debate promovido pela Folha e pelo UOL em 19 de setembro.