Michelle Bolsonaro tira foto abraçada com esposa de Guilherme de Pádua
Uma foto da primeira-dama Michelle Bolsonaro com Juliana Lacerda, esposa de Guilherme de Pádua — condenado por matar a atriz Daniella Perez em 1992 —, circulou nas redes sociais hoje após postagem da colunista do iG, Fábia Oliveira. Horas após a revelação, Juliana disse que as duas não são amigas e nem se conheciam. Guilherme de Pádua também falou sobre o caso e disse que não almoçou com Bolsonaro e a primeira-dama.
O encontro teria ocorrido em Belo Horizonte no domingo (7), na ocasião em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a esposa foram assistir a um culto na Igreja Batista Lagoinha, na capital mineira.
O assassino confesso da atriz exerce a função de pastor na mesma igreja.
O UOL contatou a Secretaria de Comunicação do governo para confirmar se Bolsonaro estava presente ao almoço com Guilherme de Pádua e sua esposa e aguarda retorno para atualizar o texto.
No final da tarde, pelas redes sociais, Bolsonaro se pronunciou e classificou o caso como "ilações com base em informações falsas".
"Ela nem sabia quem eu era"
Em um vídeo publicado após a repercussão da foto, Juliana Lacerda disse que a primeira-dama não sabia quem era ela. A esposa de Guilherme de Pádua alegou ter esperado em uma fila para tirar uma foto com Michelle, assim como outros presentes.
Eu nunca troquei uma palavra sequer com ela. Nunca mesmo. Ela nem sabia quem eu era. Ela simplesmente foi lá, gentil que é, uma pessoa extremamente simples, uma mulher de Deus, porque eu sou fã, e ela tirou essa foto comigo, como [com] todos ali nessa fila, nessa comemoração. Foi apenas isso.
Juliana Lacerda, sobre foto com Michelle Bolsonaro
Guilherme de Pádua também negou que ele e sua esposa tenham almoçado ao lado do presidente e da primeira-dama. Por um vídeo nas redes sociais, ele acusou a imprensa de "mentir" sobre o encontro, afirmou que ele sequer chegou a participar do culto, e disse que a esposa é "fã" de Michelle, motivo que a levou a tirar a foto.
"A minha esposa foi ao culto, foi parabenizar o pastor Márcio porque é um pastor que tem um diferencial muito grande no Brasil, que acolhe todas as pessoas como fez comigo [...] Quando ela foi tinha ali uma fila de admiradores da primeira-dama, a minha esposa vai nessa fila sem ninguém saber quem ela é, sem a primeira-dama imaginar quem ela é, e tira uma fotografia, como uma fã, depois disso ela envia essa foto para o pai, o pai orgulhoso manda [a imagem] para parentes, e agora isso cai na mão da imprensa", declarou.
No culto no último domingo, Michelle afirmou que "o Planalto já foi "consagrado a demônios". A roupa utilizada pela primeira-dama no evento é similar à da foto com Juliana Lacerda.
Michelle também chegou a comentar em uma publicação que Glória Perez, mãe da atriz, fez ontem em homenagem ao dia do aniversário da filha.
"Esse ano, o documentário Pacto Brutal devolveu sua identidade, tirou você do terreno da ficção e resgatou a pessoa real, a pessoa doce, afetuosa, em seu mundo de delicadeza estraçalhado pela ambição e a inveja de um casal de psicopatas", escreveu a autora. Michelle reagiu com um coração e um emoji de rosto chorando:
Série relembrou crime cometido há 30 anos
Guilherme de Pádua voltou ao centro do debate público após a estreia da série Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, da HBO Max. A produção, que estreou no dia 21 de julho, contou com detalhes como a atriz fora assassinada pelo então ator e sua esposa à época, Paula Thomaz — hoje Paula Peixoto.
Guilherme de Pádua afirmou ter assistido à série e disse que a produção era "parcial". Em entrevista a Splash, os diretores Tatiana Issa e Guto Barra explicaram que o projeto não quis dar espaço para ouvir os dois que foram condenados pelo crime cinco anos depois da morte da atriz, e estão livres atualmente.
"Ao longo dos anos, eles tiveram muito espaço na imprensa. Eles ofereceram diferentes versões que foram mudando. Houve até situações em que prometeram 'contar o que nunca foi contado', mas nada acontecia. Somos um documentário, é diferente de jornalismo", afirmou Guto Barra.
Michelle entra na campanha e deixa para trás caso Queiroz
Michelle Bolsonaro entrou de vez na campanha de reeleição de Jair Bolsonaro (PL) após discursar na convenção nacional do PL, que oficializou a candidatura. Com um tom religioso, estrategistas do presidente veem Michelle como um trunfo junto aos evangélicos e às mulheres.
Em relação a elas, um dos objetivos é fazer com que Michelle ameniza a rejeição da população feminina a Bolsonaro. Segundo pesquisa Datafolha publicada no fim de julho, Bolsonaro tem 27% das intenções de voto femininas, contra 46% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário e líder nas pesquisas de intenção de voto.
Já no campo religioso, a primeira-dama, embora frequente a igreja batista Atitude, de denominação batista, tem incorporado um discurso próximo do neopentecostalismo.
"Ela está aderindo à campanha do marido usando uma linguagem que, além de ser muito conhecida dos evangélicos e soar para eles autêntica, é também emotiva e, por isso, poderosa", disse o professor e cientista político Vinicius do Valle, diretor do site Observatório Evangélico, à colunista do UOL Thais Oyama.
Usualmente discreta, a primeira-dama foi destaque nos últimos anos em duas ocasiões marcadas: quando tomou a vacina contra a covid-19 nos Estados Unidos, mesmo podendo tomá-la no Brasil, e quando teve o nome envolvido no caso Queiroz. Foi na conta de Michelle que Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil em cheques.
Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como articulador do esquema de "rachadinhas" no gabinete do filho do presidente enquanto ele era deputado estadual no Rio. Além dos valores depositados por Queiroz, a mulher do ex-assessor parlamentar também fez repasses, no valor total de R$ 17 mil, à Michelle Bolsonaro, em 2011.
Bolsonaro já reconheceu que os cheques depositados por Queiroz na conta da primeira-dama eram para ele próprio, afirmando serem pagamento de um empréstimo que teria feito a Queiroz.
O STF (Supremo Tribunal Federal) votou pelo arquivamento de um pedido de investigação contra Michelle, e as investigações da rachadinha foram interrompidas após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) anular as provas coletadas pelo Ministério Público.
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