Grupo de juristas pede apuração contra empresários por mensagens golpistas
A Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral, grupo que reúne associações de juristas, apresentou uma notícia-crime contra os empresários Luciano Hang, Afrânio Barreira Filho, Ivan Wrobel e Marco Aurélio Raymundo por falas sobre apoio a um eventual golpe de Estado após as eleições, em caso de derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O pedido de investigação foi apresentado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das milícias digitais antidemocráticas, e acusa o grupo de cometer dois crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Interrupção do processo eleitoral.
Na notícia-crime, a coalizão diz que as mensagens demonstram "inequivocamente a vontade, livre e consciente dos noticiados de perturbar a eleição de 2022" e que se trata de um grupo com "expressivo e considerável poder econômico". Os juristas sugerem que seja feita a quebra de sigilo telefônico dos empresários para confirmar o teor das conversas.
As ameaças de ruptura institucional discutidas por pessoas com grande poder econômico dispostas a patrocinar atentados contra instituições não podem ser relativizadas"
Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral, em notícia-crime
As mensagens dos empresários foram reveladas pelo site Metrópoles ontem (17) e mostram os empresários defendendo um golpe de Estado caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito no pleito de outubro de 2022. A conversa ocorreu em grupo de WhatsApp chamado "Empresários & Política", criado em 2021.
Além de defender um golpe, os empresários atacam frequentemente instituições brasileiras como o STF (Supremo Tribunal Federal), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e opositores da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Entre os nomes do grupo estão Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da administradora de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca Mormaii.
A reportagem busca contato com os empresários. O espaço segue aberto a manifestações.
Bolsonaro minimiza
Como mostrou o UOL, pessoas próximas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e integrantes de sua campanha à reeleição dizem não acreditar que a revelação sobre um grupo de empresários apoiando um possível golpe de Estado tenha qualquer efeito sobre a disputa eleitoral. Para eles, o episódio não deve ter relevância para o eleitorado bolsonarista.
"Não vamos perder tempo com isto", disse o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), ao UOL. O ministro é um dos principais articuladores da campanha de Bolsonaro atualmente.
Questionado hoje pela manhã em um evento de campanha no interior de São Paulo, o presidente Bolsonaro se irritou com a pergunta sobre as declarações dos empresários e disse ser notícia falsa que empresários defendam golpe.
"Que empresários? Qual é o nome deles? Chega de fake news. Qual jornalista [divulgou isso?] Toda semana quase vocês demitem um ministro meu citando fontes palacianas", afirmou a jornalistas em São José dos Campos.
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