Bolsonaro sobre operação da PF contra empresários: 'Cadê a turma da carta?'
O presidente Jair Bolsonaro (PL) falou hoje (24) sobre as operações da PF (Polícia Federal) contra empresários bolsonaristas que, em grupo de WhatsApp defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) vença as eleições. Bolsonaro afirmou ter contato com dois deles: Luciano Hang e Meyer Nigri.
Durante o discurso na tarde desta quarta-feira em evento de campanha em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o presidente também mencionou os signatários da "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito". Vídeos do momento foram divulgados por periódicos mineiros e pelo jornal O Globo.
"Somos ainda um país livre. Eu pergunto a vocês: 'O que aconteceu no tocante aos empresários agora?' Esses oito empresários. Dois eu tenho contato com eles, o Luciano Hang e o Meyer Nigri. Cadê aquela turminha da carta pela democracia? A gente sabe que em época de campanha continuam lobos em pele de cordeiro. Acreditar que eles são democratas e nós não somos? Cadê a turminha da carta pela democracia?", questionou.
O UOL apurou que as medidas contra os empresários foram pedidas pela PF, autorizadas por Moraes dentro do chamado inquérito das milícias digitais e envolveu 35 policiais federais. As buscas foram feitas em endereços em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
O que está em jogo agora nessas eleições? Eu sempre digo: perder uma eleição numa democracia é natural. Tem muitos candidatos aqui em cima que serão vitoriosos, alguns não serão. Faz parte da regra do jogo. Mas nós não podemos perder a democracia numa eleição. Nós sabemos o que esse outro lado fez ao longo de 14 anos, de 2003 a 2016, onde eles colocaram o Brasil"
Presidente Jair Bolsonaro, em discurso com referência aos governos petistas
A ação cumpriu mandados de busca e apreensão após mensagens reveladas pelo colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles. Entre os envolvidos estão Luciano Hang, da Havan; José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; Luiz André Tissot, do Grupo Sierra; yer Nigri, da Tecnisa; Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii; e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu.
Além dos mandados de busca e apreensão, Moraes também determinou a quebra dos sigilos bancários e telemáticos dos alvos, além do bloqueio de contas em redes sociais.
PGR diz que não foi intimado sobre operação
A PGR (Procuradoria-Geral da República) divulgou nota informando que não foi intimada sobre a operação contra empresários. Em nota, o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que somente ontem tomou conhecimento da petição que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) e da decisão que deflagrou a operação da PF.
Aras disse, ainda, que os autos do processo não foram enviados à PGR para ciência formal da decisão de Moraes, assinada na sexta-feira (19). Segundo o jornal Folha de São Paulo, Aras se irritou com a operação desta manhã.
"O procurador-geral da República, Augusto Aras, esclarece que tomou conhecimento, nesta terça-feira (23), da existência da Petição 10.543, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Os autos ainda não foram remetidos à Procuradoria-Geral da República (PGR) para ciência formal da decisão do dia 19 de agosto, que determinou as diligências cumpridas nesta manhã", diz a nota.
Em esclarecimento divulgado pela CNN Brasil, o gabinete do ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, rebateu a declaração de Aras — afirmando que a Procuradoria-Geral foi "intimada pessoalmente" ontem da decisão referente à petição 10.453.
"O Gabinete do Ministro Alexandre de Moraes esclarece que na data de ontem, 22 de agosto, segunda-feira, às 14h41, nos termos da LC 75/93, a Procuradoria-Geral da República foi intimada pessoalmente da decisão referente à Pet. 10.453 [...] com entrega da decisão proferida para a Assessoria de Apoio aos Membros da Procuradoria-Geral da República no STF", explicou.
Continuando: "Esclarece ainda que a referida decisão, posteriormente, foi encaminhada ao gabinete da Vice-Procuradora-Geral da República, às 15h35, onde recebida às 16h40 do mesmo dia".
Em anexo, o gabinete incluiu certidão que comprova recebimento da decisão sobre a Pet. 10.453 — assinada pelo assessor Jefferson Pessoa da Silva e pela servidora da PGR Dayane Silva.
Presidente diz que Lula "só ganha no Datafolha"
Ainda em Betim, com um discurso repleto de críticas à esquerda e aos governos do PT (2003 a 2016), Bolsonaro disse hoje considerar que o seu principal adversário nas urnas, o ex-presidente Lula, 'só ganha no Datafolha'.
O único lugar que Lula ganha é no Datafolha. Mais em lugar nenhum"
Bolsonaro, em referência às pesquisas de opinião realizadas até o momento
A declaração do candidato à reeleição, no entanto, não procede. Amostras do Datafolha e de outras fontes indicam que Lula está em vantagem na corrida eleitoral e tem condições reais de vencer no primeiro turno.
Divulgado em 19 de agosto, o último estudo do Datafolha coloca o petista à frente com 47% das intenções de voto após o início oficial da campanha eleitoral. Bolsonaro tem 32%. Lula também lidera a disputa pela chefia do Executivo em outras pesquisas, como Ipec, Ipesp, Quaest e CNT/MDA.
Além de criticar o adversário, Bolsonaro levou um refugiado venezuelano ao palanque na cidade mineira. Apoiador do presidente, o imigrante se identificou como José Gregório e relatou as dificuldades que teve para cruzar a fronteira e fugir para o Brasil. "Já tenho 4 anos no Brasil. Passei muito trabalho, saí da Venezuela na miséria e com fome", declarou ele.
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