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Ex-apoiador de Bolsonaro faz apostas de R$ 1,5 milhão sobre vitória de Lula

O empresário Artu Oliveira apostou na vitória de Lula com o amigo bolsonarista Gildemberg de Sá. Contrato do desafio, no valor de R$ 800 mil, reconhecido em cartório no Maranhão  - Arquivo pessoal
O empresário Artu Oliveira apostou na vitória de Lula com o amigo bolsonarista Gildemberg de Sá. Contrato do desafio, no valor de R$ 800 mil, reconhecido em cartório no Maranhão Imagem: Arquivo pessoal

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

18/09/2022 16h20Atualizada em 18/09/2022 20h31

Ex-apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), o empresário Artu Oliveira, 45, afirma ter feito apostas de mais de R$ 1,5 milhão na vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano.

"Sou apaixonado por política, já fui candidato duas vezes e faço apostas desde sempre. Nada que possa colocar o patrimônio da minha família em risco. Já fiz mais de 16 apostas sobre Lula porque acredito que ele vai ganhar, como teria ganho se tivesse conseguido disputar em 2018. Bolsonaro me decepcionou em quatro anos de governo. Votei nele na última eleição, mas acho que, de lá para cá, o Brasil só piorou", disse ao UOL.

A aposta mais cara, de R$ 800 mil, foi com o amigo bolsonarista Gildemberg de Sá, 51, dono de uma empresa de mineração no Maranhão.

"Artu me desafiou porque acreditou que eu ia fugir. Para mostrar que estou confiante na vitória de Bolsonaro, aceitei a aposta com a condição de que fosse tudo registrado em cartório", afirmou ao UOL Gildemberg. "Sou Bolsonaro desde criancinha", brinca ele.

Segundo o contrato reconhecido em cartório, a que o UOL teve acesso, Artu colocou em disputa uma chácara de 23 hectares, avaliada em R$ 800 mil. O colega bolsonarista apostou 11.111 toneladas de pedras de gesso, no mesmo valor (cada tonelada do minério vale R$ 72).

"Ficando bem claro que a disputa entre os dois candidatos a presidente citados, qualquer eventualidade que um dos dois candidatos saiam da disputa, a aposta será desconsiderada", diz uma das cláusulas do contrato.

A aposta foi feita em 1º de setembro e formalizada no 1º Ofício do Cartório do município. Entre as cláusulas do contrato está uma exceção: caso qualquer um dos candidatos saia da disputa, o acordo será desconsiderado - Divulgação - Divulgação
A aposta foi feita em 1º de setembro e formalizada no 1º Ofício do Cartório do município. Entre as cláusulas do contrato está uma exceção: caso qualquer um dos candidatos saia da disputa, o acordo será desconsiderado
Imagem: Divulgação

Pesquisa Ipec (ex-Ibope) divulgada no fim de agosto mostra que o ex-presidente petista lidera a disputa no Maranhão, com 66% das intenções de voto, contra 18% de Bolsonaro.

Rivalidade só na política

O clima de disputa política não parece afetar a cordialidade entre Artuzinho e Berguinho, como são conhecidos em Grajaú, cidade em que vivem, localizada a 580 quilômetros da capital do Maranhão, São Luís.

Questionados sobre os episódios de violência protagonizados pelo policial bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, que matou a tiros o guarda municipal petista Marcelo Aloizio Arruda em julho, em Foz do Iguaçu (PR), eles dizem repudiar quaisquer manifestações de intolerância política.

"Vivemos numa democracia e cada um tem o direito de defender e votar em quem achar melhor. Criar inimizades por causa de política é bobagem e entristecedor", diz o bolsonarista.

O amigo petista concorda: "No fim das contas, tanto eles, que votam em Bolsonaro, quanto eu buscamos um país melhor e mais justo. Só temos visões diferentes sobre qual candidato pode proporcionar isso".

No início deste mês, um apoiador de Bolsonaro identificado como Rafael Silva de Oliveira, 24, foi preso depois de confessar ter matado um apoiador de Lula com golpes de faca e machado na cidade de Confresa, no Mato Grosso, depois de uma discussão sobre política. A vítima, Benedito Cardoso dos Santos, tinha 42 anos.