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Filho critica Bolsonaro por chamar Roberto Jefferson de bandido: 'Injusto'

Bolsonaro tenta descolar sua imagem de Roberto Jefferson mas fotos recentes mostram os dois juntos -  Redes Sociais/PTB
Bolsonaro tenta descolar sua imagem de Roberto Jefferson mas fotos recentes mostram os dois juntos Imagem: Redes Sociais/PTB

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em Maceió

25/10/2022 20h31Atualizada em 25/10/2022 20h31

Roberto Jefferson Filho, caçula do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), disse que o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) foi "injusto" ao chamar seu pai de "bandido" após o petebista atirar em agentes da Polícia Federal ao resistir a prisão determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Detido em sua casa em Comendador Levy Gasparian (RJ), município a 140 quilômetros do Rio, Jefferson cumpria prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica desde janeiro. Ele responde aos crimes de incitação ao crime de dano contra o patrimônio público, calúnia e homofobia.

Ao UOL, Jefferson Filho afirmou que "discorda veementemente da fala infeliz" de Bolsonaro sobre o ex-deputado. "Meu pai não é bandido nenhum". Ele diz que o progenitor "somente reagiu ao mandado de prisão ilegal".

"Eu discordo porque o meu pai não é bandido. Não sei o que chegou ao presidente, ninguém tem informação concreta, só quem sabe o que aconteceu é o meu pai, ele que estava lá", declarou, antes de alegar que o pai, a quem ele chamou e "atirador exímio", disparou contra os agentes em "legítima defesa".

"É injustiça chamar de bandido alguém que ele não sabe da situação. Acho que [Bolsonaro] foi injusto. Tem muitas fake news nesse negócio do meu pai, estão tentando destruí-lo já faz tempo", completou.

O filho, por outro lado, afirmou que discorda do vídeo gravado por seu pai que desencadeou toda a polêmica no qual apareceu xingando a ministra do STF Cármen Lúcia "bruxa", além de compará-la a uma prostituta e de manter comportamento de "vagabunda". Apesar disso, Jefferson Filho reiterou que isso não seria motivo para prender alguém. "Se não gostou do que ele falou, processa".

Roberto Jefferson Filho nega post contra Bolsonaro

Mesmo após considerar que Jair Bolsonaro foi "injusto", Jefferson Filho nega que tenha feito postagem no Twitter em que chama o presidente de "criminoso, frouxo, traidor dos apoiadores e patético", conforme aparece em um suposto print que viralizou nas redes sociais.

Na postagem, o perfil atribuído Jefferson Filho lembrou que Bolsonaro e seus filhos estão envolvidos no esquema criminoso de rachadinhas, e culpou a atual gestão por não ter feito nada para livrar Roberto Jefferson da cadeia.

À reportagem, ele nega ser o autor da crítica e afirmou que seus perfis no Twitter e no Instagram foram deletados horas antes da prisão do pai. "Posso até não gostar do capitão, mas jamais vou entregar meu navio aos piratas", falou.

Bolsonaro tenta descolar imagem de Jefferson. Quando a PF chegou à residência de Roberto Jefferson para cumprir o mandado de prisão, o ex-deputado resistiu, disparou 50 tiros e arremessou três granadas de efeito moral contra os agentes— dois deles foram atingidos, mas passam bem.

Inicialmente, Jair Bolsonaro não largou a mão do aliado e pediu ao ministro da Justiça, Anderson Torres, para que fosse pessoalmente até Comendador Levy Gasparian para acompanhar o caso.

Posteriormente, após a associação negativa de sua imagem a de Roberto Jefferson, Bolsonaro passou a tratar o até então aliado de forma hostil, ao chamá-lo de "bandido e criminoso". Em uma live, o presidente disse que não tinha uma foto ao lado do petebista, mas foi desmentido.

Réu no STF. Jefferson é réu pelos crimes de incitação ao dano ao patrimônio público, calúnia e homofobia por 9 votos a 2 — apenas Nunes Marques e André Mendonça, indicados do presidente Jair Bolsonaro à Corte. Ambos defendiam que o caso fosse analisado pela primeira instância, uma vez que Jefferson não teria foro privilegiado no Supremo. A denúncia foi apresentada pela PGR (Procuradoria Geral da República).

Uma das declarações de Jefferson, listadas no documento da PGR, diz que, em 24 de maio de 2021, o ex-deputado incitou a prática de crime contra a segurança nacional após incentivar o povo brasileiro a invadir o Senado Federal e "a praticar vias de fato em desfavor dos Senadores, especificamente os que integram a CPI da Pandemia".

Dois meses depois, em entrevista ao Jornal da Cidade Online, o ex-deputado Roberto Jefferson incentivou a destruição do prédio do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com uso de substância explosiva. O TSE é um prédio de propriedade da União.

A PGR também diz que Roberto Jefferson cometeu crime de calúnia contra o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao insinuar que ele prevaricou por não dar andamento a pedidos de impeachment contra ministros do STF.

Também são citados dois episódios de homofobia. Num deles, em 26 de julho de 2021, Roberto Jefferson disse que os LGBT representam a demolição moral da família. A entrevista foi divulgada pela Jovem Pan.