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Haddad critica áudio apagado por equipe de Tarcísio: 'Prática de milícia'

Fernando Haddad tem questionado onde estão as imagens das câmeras das fardas dos policiais que estiveram em Paraisópolis durante agenda de Tarcísio - 23.jul.2022 - Yuri Murakami/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Fernando Haddad tem questionado onde estão as imagens das câmeras das fardas dos policiais que estiveram em Paraisópolis durante agenda de Tarcísio Imagem: 23.jul.2022 - Yuri Murakami/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

25/10/2022 18h34

Candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad criticou, na tarde de hoje, a campanha de seu adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por mandar um cinegrafista apagar imagens do tiroteio que ocorreu em Paraisópolis durante agenda no local. Para o petista, a prática é obstrução de justiça e "típica de milícia".

"Se você vai destruir os elementos para que o investigador consiga refazer a cena do crime e saber o que aconteceu, você está obstruindo a justiça. É muito grave. E essa prática é uma prática típica de milícia, não é uma prática de quem tem compromisso com a verdade", disse Haddad hoje em Ribeirão Preto.

Em 17 de outubro, Tarcísio encerrou às pressas uma agenda de sua campanha em Paraisópolis após tiros terem sido disparados na região. Um suspeito morreu.

"Tem que apagar." O caso do áudio foi revelado por meio de um áudio obtido pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmado pelo UOL Notícias.

Nele, um integrante da campanha de Tarcísio diz a um cinegrafista da Jovem Pan que ele deve apagar os registros.

Tem que apagar. Essa imagem que você filmou aqui também. Mostra o pessoal saindo, tem que apagar essa imagem. Não pode divulgar isso, não
Áudio divulgado pela Folha de S.Paulo

"Como é um áudio que foi confirmado pelo meu adversário, é grave. Precisa apurar a responsabilidade, porque isso é crime. Se você presenciou um crime, qual é a atitude correta? Preservar os elementos para investigação", disse Haddad.

No Twitter, o petista divulgou um vídeo contendo o trecho do áudio. Na legenda, ele anuncia: "Ouça o áudio que Tarcísio quer esconder de você."

Críticas. A campanha de Tarcísio divulgou mais cedo uma nota na qual afirma que houve tentativa de descontextualização e "interpretação equivocada" do áudio. Ela também criticou "uso desrespeitoso de parte da imprensa e da campanha de Fernando Haddad sobre esse episódio" sem apresentar provas.

"Sensacionalismo". Após um comício em Osasco, também hoje, Tarcísio disse lamentar "que a imprensa faça sensacionalismo com isso."

"Pode ser que alguém [membro da equipe], na tensão, tenha pedido para apagar alguma coisa para preservar a identidade de pessoas que fazem parte da nossa segurança. É muito ruim revelar a identidade de pessoas que acabam de se envolver em um conflito com criminosos", declarou ele.

Imagens? Haddad tem questionado, em compromissos de campanha, onde estão as imagens feitas pelas câmeras dos policiais que estiveram em Paraisópolis no ocorrido. Além da alfinetada em Tarcísio, que já defendeu retirar as câmeras das fardas, ele também tem apontado que o candidato do Republicanos estava acompanhado de PMs à paisana, que faziam sua segurança no local.

"Não tenho policial militar à minha disposição como ele tem. Não me foi colocado à disposição. Sou tão candidato quanto ele", declarou o petista ontem (24) durante sabatina da rádio CBN.

O que se sabe sobre o caso? Segundo a Polícia Civil, dois dos suspeitos passaram filmando o veículo blindado usado por PMs à paisana, que estavam em Paraisópolis para fazer a segurança do entorno durante a agenda de Tarcísio de Freitas no local.

Os agentes perceberam que os homens na moto estavam com volume na cintura, semelhante a arma de fogo, e houve troca de tiros. Um suspeito foi morto. Segundo a polícia, havia cerca de 20 criminosos no local.

Os peritos apreenderam 88 estojos deflagrados de quatro calibres diferentes e ouviram o depoimento de cinco policiais militares que participaram da ocorrência.