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Manifestantes encerram bloqueio em rodovia em SP após fala de Bolsonaro

Caê Vasconcelos e Marcelo Ferraz

Do UOL, em São Paulo

01/11/2022 18h27Atualizada em 01/11/2022 19h51

Manifestantes que bloqueavam a BR-116, na região de Embu das Artes, na Grande São Paulo, desbloquearam a via logo após o fim do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), na tarde de hoje. Foi a primeira manifestação de Bolsonaro após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial. O bloqueio era na altura do quilômetro 280.

Na fala, sem reconhecer diretamente a derrota, o presidente defendeu o direito de ir e vir ao falar sobre os atos. Durante o pronunciamento, os apoiadores em São Paulo ouviram em silêncio cada palavra a partir de celulares e televisores. Só gritavam quando os caminhões começaram a andar e buzinar em apoio ao grupo que estava no acostamento da pista, nos dois sentidos da rodovia.

A quantidade de membros da PM (Polícia Militar) e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) diminuiu assim que o pronunciamento começou. Parte dos agentes da PRF entraram em uma padaria próxima para ouvir a fala de Bolsonaro.

O Hino Nacional foi tocado por um carro coberto por bandeiras do Brasil assim que o pronunciamento terminou, tirando aplausos dos presentes.

Manifestantes também gritavam "Lula ladrão". Eles vestiam camisetas com fotos de Bolsonaro e com as cores da bandeira do Brasil e mostravam placas como "eu quero intervenção militar já!" e "faxina geral para salvar nossa nação".

Um grupo de cerca de 100 pessoas permaneceu no local após o pronunciamento de Bolsonaro.

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Manifestante pede intervenção militar em bloqueio na BR-116, em São Paulo
Imagem: Caê Vasconcelos/UOL

Vias bloqueadas. A rodovia Castello Branco e o Rodoanel foram bloqueados por manifestantes pró-Bolsonaro no começo do dia de hoje. "Podem falar que a manifestação é bolsonarista, mas é uma manifestação pelo Brasil", disse um dos manifestantes no local.

A Tropa de Choque foi acionada pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB), que afirmou que São Paulo deveria respeitar as urnas. Mas os policiais saíram da rodovia Castello Branco por volta das 13h30 em direção à BR-116. Lá os agentes ficaram até o pronunciamento de Bolsonaro, às 16h40.

O bloqueio na rodovia Castello Branco continuou após a fala de Bolsonaro. Durante a tarde, os manifestantes liberaram caminhões que transportavam itens perecíveis. Os que continuam itens não perecíveis eram parados e, se quisessem continuar, eram hostilizados, mas liberados.

Após a fala do presidente, a PRF tentou conversar com o grupo, sem sucesso. A Tropa de Choque voltou ao local e negociou com o grupo, de forma amistosa, a liberação de duas vias, a expressa e uma das faixas locais, sentido São Paulo. Duas faixas locais ainda estavam bloqueadas. Por volta das 18h, o Choque foi embora novamente.

As 18h18 todas as vias, sentido São Paulo, foram liberadas pelo grupo. Mas o grupo afirmou que a liberação seria momentânea. As faixas sentido interior ainda estavam bloqueadas pelo grupo.

Por volta das 18h47 o grupo tentou novamente bloquear a via sentido São Paulo, mas foram impedidos por agentes da PRF.

Desbloqueio

Após determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), a PRF (Polícia Rodoviária Federal) trabalha hoje para desbloquear as rodovias interditadas por caminhoneiros apoiadores de Bolsonaro.

A PRF notificou que há 235 pontos de interdição e bloqueios ativos nas estradas federais de todo o país. A corporação informou que o estado com mais interdições é Santa Catarina, seguido por Pará e Mato Grosso, e que a Polícia Federal, a Força Nacional e a Polícia Militar foram mobilizadas para ajudar a liberar as rodovias.

Fim do silêncio

Havia expectativa para Bolsonaro romper seu silêncio e incentivar o fim das manifestações a seu favor. O presidente ficou 44 horas sem se pronunciar publicamente após a eleição de Lula e, no discurso da tarde de hoje, falou por apenas dois minutos.

Bolsonaro chamou os protestos dos caminhoneiros que não aceitam a derrota nas urnas como "movimentos populares". Os atos seriam, de acordo com ele, "fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral".

As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir
Jair Bolsonaro