Topo

"Se Bolsonaro aliviar, vai ser pior", diz manifestante em SP

Bolsonaristas dizem que não vão desbloquear marginal, mesmo que presidente faça pedido - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Bolsonaristas dizem que não vão desbloquear marginal, mesmo que presidente faça pedido Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

Do UOL, em São Paulo

01/11/2022 11h55

Um grupo de 30 pessoas que bloqueava parte da marginal Tietê, em São Paulo, na manhã de hoje, promete manter o protesto "por meses". Eles afirmam que continuarão no local mesmo que o presidente Jair Bolsonaro (PL) "aceite a vitória" de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou peça que o grupo desbloqueie as rodovias.

Bolsonaro recebeu 49,10% dos votos e foi derrotado nas urnas pelo petista, que ficou com 50,90%. Até as 11h de hoje, o presidente não havia se pronunciado sobre o resultado das eleições.

Os bolsonaristas se concentram sob a ponte das Bandeiras, sentido Guarulhos —onde quatro das seis faixas da pista estavam bloqueadas por volta das 10h. O trânsito, embora lento, não estava parado, uma vez que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e a Polícia Militar liberaram duas faixas.

Vestindo a camisa da seleção brasileira e empunhando bandeiras do Brasil, os bolsonaristas gritam para os carros palavras de ordem e xingamentos ao PT. Alguns motoristas vistos pela reportagem dão apoio ao grupo e passam pelo local em buzinaço.

PM protege. Segundo o tenente da PM Henrique Squassoni, a função dos 20 policiais no local não era dispersar o grupo.

"Nossa tropa é de apoio à CET, segurança do trânsito e dos manifestantes", diz o tenente, que afirma não ter sido comunicado sobre qualquer decisão para acabar com o protesto.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes ordenou que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a PM desobstruam todas as rodovias bloqueadas. Mais tarde, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), disse que, se necessário, a Polícia Militar empregará o uso de força para desobstruir vias bloqueadas.

'Se precisar, vamos ficar 4 meses'. Os bloqueios na marginal começaram por volta das 15h de ontem. Às 17h, as duas vias sob o viaduto já estavam bloqueadas.

O vendedor Leonardo Pantana, 42, chegou por volta da meia-noite. Otimista, diz esperar de 500 a mil pessoas no local até o fim da tarde.

"Apoiamos o nosso presidente, que foi roubado nas urnas", disse ao defender teorias falsas sobre fraude eleitoral. "A maioria dos brasileiros merece um resultado digno", afirmou.

Apesar do discurso, ele nega que o movimento tenha conotação golpista.

É um golpe ao contrário porque o presidente age direitinho, dentro das quatro linhas da Constituição. [...] A máfia do PT é muito forte. Uma canetada do STF elegeu um presidiário, é o que chateou a população."
Leonardo Pantana, vendedor

Leonardo Pantana, 42, chegou em ato golpista por volta da meia-noite - Wanderley Preite Sobrinho/UOL - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Leonardo Pantana, 42, chegou em ato por volta da meia-noite
Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

Pantana e outros bolsonaristas dizem que manterão os bloqueios mesmo que Bolsonaro aceite o resultado da eleição.

"Se o Bolsonaro aliviar vai ser pior, vamos parar ainda mais", disse.

Vamos levar até o dia que não aguentar mais: um mês, dois meses, se precisar a gente fica quatro meses.
Leonardo Pantana, vendedor

'Não depende de Bolsonaro'. A técnica de enfermagem Carmosina Lima de Souza, 55, chegou por volta das 19h de ontem após ser convidada por uma amiga.

Como trabalha em plantões, se diz acostumada a ficar acordada na madrugada, afirma que está ali "por prazer" e que não pretende sair tão cedo.

Ela também diz que o ato não vai acabar mesmo se Bolsonaro o rechaçar. "A manifestação não depende do Bolsonaro", afirma. "Se ele disser pra desistir, eu não vou aceitar."

Questionada se teme possível decisão do STF de mandar prendê-los, Carmosina subiu o tom. "Que prenda a mãe dele! Eu não aceito um presidente a favor das drogas e do aborto", afirmou, ao repetir mentiras divulgadas durante a campanha eleitoral.

Mantimentos. Sem previsão para acabar o protesto, os bolsonaristas só param de tremular as bandeiras para comer ou beber.

Os mantimentos chegam em sacolas trazidas por outras pessoas. São barras de cereais, bolachas e água mineral. "Aqui é cada um por si, mas quem tem condição, traz mantimento pra gente", diz Pantana.

Segundo ele, a organização dos atos acontece por grupos de WhatsApp, Instagram e Facebook.