Atraso de voos em Guarulhos irrita passageiros: 'Dormi no chão, com dores'
O bloqueio de rodovias por bolsonaristas após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último domingo (30) resultou no cancelamento de 25 voos no aeroporto internacional de Guarulhos, afetando os planos de alguns passageiros, que precisaram dormir pelos corredores.
Dos 25 voos cancelados desde o início dos protestos, 13 foram hoje e 12 na segunda-feira (31), segundo a concessionária do aeroporto.
Sem hotel. Um dos afetados é um brasileiro que mora em Nova Jersey, Estados Unidos, que preferiu não informar o nome.
Marcado para 22h15 de ontem, seu voo acabou cancelado e ele terá de esperar 24 horas para embarcar: "Não me deram hotel. Passei a noite aqui, dormindo num corredor sentindo dores porque tenho pedra nos rins", contou.
Ele precisou recorrer ao ambulatório antes de pegar o cobertor e travesseiro cedidos pelo aeroporto para encontrar um lugar para descansar.
"Dormi em frente ao laboratório, no chão, por umas cinco horas", lamenta ele, que recebeu um voucher de R$ 80 para alimentação.
"A população está dividida, tem muita resistência em aceitar o resultado da eleição", disse ele, que votou no presidente Jair Bolsonaro (PL). "Do que vai adianta bloquear as rodovias? O povo que vai sofrer."
R$ 700 de táxi. Outra que perdeu seu voo, dessa vez para o Rio de Janeiro, foi a enfermeira Cláudia Maciel, 58.
Depois de desembarcar em Campinas vindo de Vitória, sua companhia aérea não ofereceu ônibus até Guarulhos, como ela esperava.
O jeito foi pegar um táxi. O problema é que um bloqueio no meio do trajeto a fez esperar seis horas em um trecho de 8 km.
"Paguei R$ 700 de táxi e quando cheguei perdi o voo. Tentaram outro, da meia-noite, mas foi cancelado", diz ela, que terá de esperar até 22h10 para viajar.
Dormi num cantinho, como se desse pra descansar vigiando bagagem..."
Cláudia Maciel, enfermeira
"Acho esse protesto uma perda de tempo. Deixa ele (Lula) chegar lá e faz um impeachment depois", diz ela, que afirma não ter preferência por nenhum dos candidatos que disputou o segundo turno.
Um dia a menos de viagem. Já a engenheira ambiental Aline Pimenta Piemonte, 27, deveria embarcar para Israel às 15h40, mas terá de esperar até o voo das 23h.
"O site do aeroporto dizia que o voo estava programado. Quando cheguei, estava cancelado", conta. "É uma viagem de lazer, mas perdi um dia. Em vez de quatro, só vou ficar três dias."
"Sai de Jundiaí às 5h30, dirigi pela rodovia Bandeirantes. Ao chegar no Rodoanel, vi um bloqueio, dei ré e voltei", conta. "Sai cedo justamente pra não ficar no trânsito."
A tática foi a mesma do engenheiro Alaor Viola, 65, e do administrador Gilberto Cunha, 55.
Embora o voo para Nova York esteja programado para as 18h, eles saíram de Campinas, onde moram, às 6h.
"Saímos cedo porque sabíamos do protesto. Na estrada, pegamos um bloqueio na rodovia Dom Pedro e precisamos cortar por Itatiba", diz Viola. "Eles só bloqueavam caminhões e ônibus."
Cunha afirmou que foram liberados pelos manifestantes assim que informaram sobre a viagem internacional.
"Acabou a eleição, acabou", disse. "Mas o protesto é democrático, só não podem exagerar, fechar tudo."
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