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Vídeo mostra policial cortando grade para ajudar bolsonaristas; PRF apura

Do UOL, em São Paulo

01/11/2022 14h39Atualizada em 01/11/2022 15h23

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um agente da PRF (Polícia Rodoviária Federal) cortando uma grade para ajudar manifestantes bolsonaristas a terem acesso a uma área. Hoje, diretores da PRF confirmaram que investigam três casos desse tipo, sendo um em São Paulo e dois em Santa Catarina.

No Twitter, é apontado que a filmagem aconteceu perto do aeroporto internacional de Guarulhos, mas o aeroporto nega que a ocorrência tenha sido lá e que manifestantes tenham acessado o local. No vídeo, dois agentes trajados com o uniforme da PRF assistem ao colega que danifica a grade.

É possível ouvir as pessoas —vestidas em sua maioria de verde e amarelo ou com a bandeira do Brasil— comemorando. Um deles afirma: "Polícia liberando a grade".

Outros gritam o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eles entoam uma música sobre apertar 22 e confirmar —ou seja, o vídeo pode ter sido gravado antes das eleições.

E também é possível ouvir a frase: "Nós vamos para o pau".

Segundo a corregedoria, serão abertos procedimentos internos para apurar qual foi a atuação dos policiais, e eles poderão responder a medidas administrativas.

"Nenhuma ordem foi dada para que servidores deixassem de cumprir seu papel, e eles responderão a procedimentos para explicar o que aconteceu", disse o corregedor-geral da PRF, Wendel Benevides Matos, em entrevista coletiva hoje, na sede da PRF em Brasília.

"Não vai haver nenhum tipo de omissão da PRF", acrescentou. Os policiais identificados, no entanto, não foram afastados e seguem atuantes.

Outro vídeo. Em outra filmagem repassada em redes sociais, o PRF Ricardo Torres aparece dizendo que recebeu uma ordem (supostamente para desocupar a estrada) e pede aos caminhoneiros: "O que é que eu faço da vida? O que vocês me orientam para a gente interagir e encontrar a melhor solução, para que a gente consiga não sair com ninguém machucado, ninguém preso, ou que prejudique o meu trabalho". O caso ocorreu em Blumenau, Santa Catarina.

Pontos de interdição. Em coletiva hoje mais cedo, a PRF informou que há mais de 200 pontos de interdição ativos nas estradas federais de todo o país, com apoiadores de Bolsonaro, liderados por defensores de golpe de Estado que não aceitam o resultado das eleições, que deram vitória a Lula.

A corporação informou que o estado com mais interdições é Santa Catarina, seguido por Pará e Mato Grosso, e que a Polícia Federal, a Força Nacional e a Polícia Militar foram mobilizadas para ajudar a liberar as rodovias.

Multas. A PRF disse ainda que desde ontem, após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), foram aplicadas 182 multas administrativas entre os golpistas. Ontem, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, determinou que a PRF e as polícias militares dos estados desbloqueassem as rodovias.

Ele ordenou que fossem tomadas "todas as medidas necessárias e suficientes, a critério das autoridades responsáveis do poder Executivo federal e dos poderes Executivos estaduais, para a imediata desobstrução de todas as vias públicas que, ilicitamente, estejam com seu trânsito interrompido".

Moraes estipulou para diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, uma multa de R$ 100 mil por hora e eventual afastamento do cargo, caso a ordem fosse descumprida. Vasques não participou da coletiva hoje.