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Governo Bolsonaro deixa saldo de destruição na área social, diz ex-ministra

Colaboração para o UOL, em Salvador

11/11/2022 19h01Atualizada em 11/11/2022 19h43

Em entrevista ao UOL News hoje a ex-ministra Tereza Campello, que comandou o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e está na coordenação do Grupo de Trabalho da Assistência Social da equipe de transição do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que o governo de Jair Bolsonaro (PL) deixou "um saldo de destruição" na área social do país.

"O saldo é de grande destruição. É como se só se olhasse os R$ 600 e o Bolsa Família (Auxílio Brasil). Lembrando que esses R$ 600 foi (anunciado) às vésperas das eleições. Nós é que estamos nos comprometendo que ele seja permanente e que seja mantido. (O valor de 600 reais) sequer está garantido hoje no orçamento para 2023. Essa é uma grande batalha", afirmou Tereza.

Ministra da pasta entre 2011 e 2016, na gestão de Dilma Rousseff (PT), Teresa compõe a coordenação do Grupo de Trabalho da Assistência Social da equipe de transição com a senadora Simone Tebet (MDB-MS), a ex-ministra Márcia Lopes e o deputado estadual petista André Quintão (MG).

Ainda na entrevista, Tereza teceu críticas à queda do investimento na área social. Ela lembra que, no período em que comandou a pasta, o valor injetado era de R$ 3 bilhões, ante os R$ 49 milhões previstos no Orçamento de 2023, enviado no final de agosto ao Congresso Nacional pelo governo Bolsonaro.

"Se a gente for olhar o conjunto da agenda, você tem o programa de cisternas destruído, programa de aquisição de alimentos [...] destruído, se nós pegarmos a rede de assistência social, o que aconteceu é uma tragédia. Hoje, os municípios estão atuando praticamente sozinhos. Por que que o Bolsa Família funcionava? Era como se ele fosse uma porta de entrada para esse conjunto de políticas públicas.[...] Para se ter uma ideia, os recursos caíram em torno de R$ 3 bilhões. Valores nominais, da época que eu estava no Ministério, para R$ 49 milhões de reais para o ano que vem. O que você faz com esse recurso?", lamenta a gestora.

No Orçamento, ainda, o atual governo não prevê o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023. A proposta é que o valor médio seja de R$ 405,21 no próximo ano.

Golpistas vão continuar em atos antidemocráticos enquanto não houver punição, diz Sakamoto

Na avaliação do colunista do UOL Leonardo Sakamoto, as manifestações pró-Bolsonaro irão cessar por definitivo quando a Justiça entrar em ação, e punir os participantes que ainda estão nas portas dos quartéis pedindo intervenção militar.

"É meio triste falar isso porque a gente não é politivista, mas, enquanto alguém não for para a cadeia por conta disso, ao que tudo indica, as coisas vão continuar acontecendo. Está tendo chamamento de manifestação. Um monte de fake news bombando nas redes sociais e nos grupos bolsonaristas, que a gente acompanha, chamando as pessoas a resistirem. O pessoal está achando que estão na Primavera Árabe. É um nível de dissociação da realidade tão grande, que eles acham realmente que estão num processo revolucionário para devolver a democracia no Brasil, sendo que eles estão num processo golpista para tirar a democracia no Brasil. Através do diálogo está difícil, talvez tenha que vir punição", argumentou.

O ministro o STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes ampliou com uma decisão hoje para nível nacional as punições autorizadas em parecer emitido em 31 de outubro, quando solicitou o desbloqueio das rodovias, incluindo a aplicação de multa no valor de R$ 100 mil por hora aos proprietários desses veículos que estão obstruindo as vias federais e estaduais.

PT já articula apoios, mas verdadeira base do governo só virá quando Bolsonaro passar a faixa

Após a presidente do PT e coordenadora do núcleo político da transição de governo, Gleisi Hoffmann, dizer hoje ter iniciado diálogo com o União Brasil, terceira maior bancada na Câmara (59 deputados), na tentativa de costurar uma ampla aliança que dê governabilidade ao presidente eleito Lula, Sakamoto destacou que a verdadeira base do governo petista só será concretizada após a saída de Jair Bolsonaro.

"Existe uma parte do União Brasil, que facilmente faria parte do governo. Que é uma característica Centrão. Agora também tem uma parte do União que é naturalmente bolsonarista. (Luciano) Bivar vai ter que organizar essas alas internas assim. Essa costura que a Gleisi está fazendo, ela está fazendo com vários outros partidos, com o jeitinho de criar uma base de votação. O número mágico está em torno de 310, no mínimo, deputados na Câmara para garantir votação de propostas de emendas constitucionais.[...] A verdadeira cara de qual que vai ser essa base, vai se dar na hora que Bolsonaro entregar a faixa, no final das contas. Por mais que o Valdemar da Costa Neto (presidente do PL) diga que o PL vai ser oposição e vai estar com Bolsonaro, pouca gente acredita", analisou Sakamoto.

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