MP do Trabalho de SC recebeu 313 denúncias de assédio eleitoral
Ao longo da corrida presidencial, trabalhadores catarinenses encaminharam 313 relatos de assédio eleitoral ao escritório estadual do MPT (Ministério Público do Trabalho). A informação consta de um relatório divulgado hoje (11) pela assessoria de imprensa.
O texto ainda ressalta que, do total, 21 comunicações de assédio eleitoral foram feitas depois da proclamação do resultado da eleição. Nestes casos, patrões pressionaram seus funcionários a engrossarem as manifestações que bloquearam rodovias ou irem para frente de quartéis pedir um golpe militar.
De acordo com a definição do MPT, o assédio eleitoral ocorre quando um empregado é intimidado, ameaçado ou constrangido no ambiente de trabalho por um superior ou colega que tenta manipular seu voto.
Oeste lidera denúncias. O relatório elaborado pelo MPT não divulgou as empresas que são suspeitas de terem cometido assédio eleitoral. Mas o documento informou que há 205 indústrias e comércios denunciados por funcionários. O oeste catarinense, região que concentra empresas do agronegócio, lidera as ocorrências.
Santa Catarina foi um dos estados que reagiu de maneira mais incisiva à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Logo depois do resultado das eleições, começaram a haver bloqueios de estradas e pedidos de intervenção militar. Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu no estado 69,27% dos votos no segundo turno. Lula ficou com 30,73%.
Lideranças identificadas. Além das investigações sobre constrangimentos a trabalhadores, uma apuração do Ministério Público de Santa Catarina identificou 12 lideranças que organizaram e financiaram os bloqueios. Os nomes não foram revelados para não atrapalhar os trabalhos, declarou o procurador-geral de Justiça, Fernando Comin.
Ele disse que vai seguir o caminho do dinheiro para definir o papel exato de cada empresário que atuou para fechar as rodovias e apontou as questões a serem respondidas: "Quem estava arrecadando dinheiro? Para onde ia este dinheiro? Quem colocou e financiou a estruturação desta base em cima destas rodovias? Quem incitou a prática de violência contra a polícia?".
Tentativa de homicídio em bloqueio. O empresário Willian Jaeger, 33 anos, foi preso por tentativa de homicídio depois de agredir um policial rodoviário federal na cabeça com uma barra de ferro. O crime ocorreu durante um bloqueio no trecho da BR-470 de Rio do Sul (SC), que fica na frente de uma loja da Havan.
Na terça-feira (8), o procurador-geral de Justiça de Santa Catarina se reuniu com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes. Eles acertaram o andamento da investigação que envolve a inteligência das polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal. Um trabalho semelhante é realizado em São Paulo e no Espírito Santo. Os detalhes da investigação são mantidos em sigilo.
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