Sem explicar jatinho, Lula faz escala em Portugal para retomar elo com UE
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chega nesta manhã a Portugal para se encontrar com o presidente e o primeiro-ministro do país, aliados antigos, e iniciar o que o grupo petista chama de "reaproximação do Brasil com a União Europeia". A visita está sendo organizada pelo governo português.
Na primeira ida à Europa desde que venceu a eleição presidencial, no final de outubro, o petista faz uma parada diretamente do Egito, onde participou da COP27 (27ª Conferência do Clima das Nações Unidas) —viagem marcada pelo fato de Lula ter ido ao evento no jatinho de um empresário, situação que ainda não foi explicada pelo petista. Lula deve voltar ao Brasil amanhã (19).
Retomada das relações. Lula foi pessoalmente convidado pelo governo português. Ele se encontrará com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, no final tarde (14h em Brasília) e com o primeiro-ministro do país, António Costa, durante a noite (17h em Brasília).
Na pauta das conversas deverão estar meio ambiente e clima, relações econômicas e aprofundamento dos laços sociais. É um encontro simbólico, dado que o presidente eleito ainda não tem status de chefe de Estado, mas é encarado pelo PT como um marco para a retomada da melhoria das relações entre o Brasil e a União Europeia.
Como Lula repetiu durante toda a campanha, é consenso entre a atual equipe de transição que o elo foi abalado durante a gestão Jair Bolsonaro (PL). Em seus discursos, o petista repetiu com frequência que o Brasil foi isolado do mundo e, já na largada, quer indicar que fará o caminho contrário.
Durante a COP, já recebeu também um aceno do presidente francês, Emmanuel Macron, que celebrou a volta do presidente eleito às conferências internacionais e apoiou publicamente a ideia de realizar uma COP na Amazônia.
Lula já havia se encontrado com Macron no final do ano passado e foi recebido com status de chefe de Estado. O líder francês, que teve apoio do petista na sua reeleição, admitiu que a relação com o Brasil estava abalada após ofensas públicas de Bolsonaro, incluindo até sua esposa.
Encontrando aliados. Sousa chegou a visitar Lula em São Paulo durante a pré-campanha, em julho, mas voltou para Portugal sem encontrar o presidente Bolsonaro, que cancelou a reunião entre ambos depois de descobrir sobre o encontro com o petista.
O português acabou se reunindo com Bolsonaro durante as comemorações do bicentenário do 7 de Setembro, porém enfrentou alguns episódios de constrangimento por parte da autoridade brasileira.
COP27. Lula faz uma parada em Portugal depois de passar três dias no Egito para participar da mais relevante conferência do clima do ano a convite do presidente do Egito, Abdel Fattah El Sisi.
Na quarta (16), Lula participou de um encontro com governadores da Amazônia e discursou para lideranças, cobrando que os "países ricos" cumpram suas promessas de investimento em relação ao meio ambiente.
Ontem (17), participou de um encontro com representantes da sociedade civil pela manhã e outro com lideranças indígenas à tarde.
Com discursos duros contra Bolsonaro e contra "países ricos", o petista reforçou uma necessidade de união em torno do combate ao aquecimento global e do desmatamento, promoveu soberania da Amazônia por meio de uma cúpula dos países que integram a floresta e defendeu reparação histórica aos povos indígenas.
Vai como? Assim que chegou ao Egito, Lula ficou marcado por ter viajado de carona em um avião do empresário José Seripieri Junior, fundador da Qualicorp e dono da Qsaúde. A aeronave do modelo Gulfstream tem capacidade para transportar 12 pessoas e autonomia para voar direto ao país africano.
A viagem provocou reações negativas e até um pedido de investigação, feito à PGR (Procuradoria-geral da República), por parte do deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), da ala bolsonarista do partido.
Lula não prestou diretamente esclarecimentos sobre a viagem e cancelou uma coletiva ontem na COP. Já o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), falou que o avião não é emprestado. "O proprietário está indo junto. Não tem empréstimo. E estão indo mais pessoas: ex-governador, lideranças políticas e ambientais", disse.
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