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Casados em ato golpista adiam lua de mel pelo quartel: 'Não arredamos o pé'

Rodrigo Tramontim e Jesarela Carvalho casaram em ato em Ponta Grossa  - Arquivo Pessoal
Rodrigo Tramontim e Jesarela Carvalho casaram em ato em Ponta Grossa Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

10/12/2022 04h00Atualizada em 13/12/2022 14h01

Noivos há uma década, o casal bolsonarista Rodrigo Tramontim, 40, e Jesarela Carvalho, 29, oficializou o casamento em frente a um quartel do Exército em Ponta Grossa, a 116 km de Curitiba. A cerimônia aconteceu anteontem e rapidamente viralizou por ter ocorrido em meio ao ato antidemocrático que ocorre na cidade contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Não vamos arredar o pé, somente após terminar tudo isso. A lua de mel a gente vê depois. Estamos em outra missão neste momento. A gente tem planejado ir para Gramado. Se der tudo certo após isso, vamos para lá. Por enquanto está adiado", contou Rodrigo, empresário do ramo de segurança privada.

Rodrigo e Jesarela contam que o casamento foi presente dos demais manifestantes que estão acampados na praça. Eles planejavam há cerca de um ano casar em dezembro de 2022. A intenção era ir a um cartório, sem festa.

"O nosso casamento estava para dezembro, mas por conta de toda essa situação, cancelamos. Era pra ser apenas no cartório e sem festa. Mas o pessoal da manifestação nos presenteou."

O casal diz que fica 24 horas em frente ao Exército, deixando o lugar "apenas para tomar banho" onde moram. Eles saíram do ato por algumas horas na quarta-feira somente para se arrumarem para a festa.

Eles têm dois filhos, uma menina de 7 e um garoto de 4 anos, que passaram a morar com os avós maternos depois que os pais decidiram acampar em frente ao Exército. No retorno à praça, Rodrigo e Jesarela foram recebidos com a cerimônia já preparada.

"Numa conversa, surgiu o primeiro presente que foram as alianças e depois disso todos os demais começaram a querer participar e ajudar de alguma maneira. Alguns com carneiro, leitão, costela, outros deram arroz, maionese, salada, refrigerante e ornamentação. Cada um dos manifestantes participou de alguma forma", descreveu Jesarela.

Eles calculam que a cerimônia teve entre "400 a 500 pessoas", entre manifestantes, amigos, família e curiosos que passavam pelo local, que fica no Centro de Ponta Grossa.

E as críticas? 'Não abatem'

O casal diz que defende "a parte conservadora" do bolsonarismo e princípios cristãos. Ambos se conheceram na igreja.

"Sabemos dos comentários contrários, mas nossa alegria e paz nesse momento não nos permitem ser abalados por eles", afirma Jesarela.

"Procuramos nem ler as críticas. Elas não nos abatem e são muito pequenas perto da emoção que sentimos. Nada abate e não vai abater devido a nossa história", concluiu Rodrigo.