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Lula estuda recriar Ministério do Transportes, que pode acomodar o centrão

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com lideranças de movimentos sociais - MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com lideranças de movimentos sociais Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em Brasília

14/12/2022 04h00Atualizada em 14/12/2022 08h43

O governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda a possibilidade de recriar o Ministério do Transportes, extinto em 2019 por Jair Bolsonaro (PL). A pasta surgiria a partir de em um desmembramento do Ministério da Infraestrutura.

Com um Orçamento gordo —previsão é de R$ 12,2 bilhões, segundo o senador Marcelo Castro (MDB-PI)—, a pasta tem atraído olhares de não aliados. Resta saber quem será contemplado.

Partidos do centrão poderiam ser "acomodados" nesse desmembramento. Segundo aliados do governo eleito, com isso, eles acabariam colaborando com a base de Lula no Congresso.

O PT está com dificuldades para reunir na Câmara os 308 votos necessários para a aprovar a PEC da Transição, que deve dar condições para o governo começar seu mandato, cumprindo minimamente suas principais promessas de campanha.

Além do centrão, o PSD é um dos interessados na vaga, por meio do senador Alexandre Silveira (PSD-MG). O partido apoia parcialmente Lula desde o primeiro turno.

Já cotado para Cidades, o PSD poderia compor uma das duas ou três vagas pensadas para o partido no novo governo —há quem diga, no entanto, que são pastas demais para poucos votos no Congresso.

Outro partido de centro-direita que entrou em negociação foi o União Brasil. O presidente Luciano Bivar tem conversado diretamente com a presidente petista Gleisi Hoffmann uma possível entrada no governo.

Caso as negociações avancem, o partido estima ficar com duas vagas:

  • Uma para o Senado, a cargo de Davi Alcolumbre (União-AP),
  • Outra para a Câmara, a cargo de Elmar Nascimento (União-BA).

Nascimento é um dos cotados para o Ministério de Minas e Energia, considerado estratégico para o PT, que também quer a pasta. O senador eleito Renan Filho (MDB-AL) é outro interessado.

PEC da Transição como chave para a escolha dos ministérios. Ontem, Lula se reuniu com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), no hotel em que está hospedado, em Brasília. Lira não se opõe ao avanço da PEC, mas não deve liderar a articulação para aprovação do texto.

Com um pouco mais de entraves que o PT esperava, a proposta que possibilita estourar o orçamento para garantir projetos sociais pode emperrar, se não houver sucesso nos acordos.

O julgamento do Orçamento Secreto pelo STF (Supremo Tribunal Federal) está entre os pontos de atenção. Ele traz apreensão ao Congresso e é visto como delicado pelo governo —tanto que aliados tentam ao máximo desvincular a votação de Lula, que, de fato, na tem a ver, mas sempre foi crítico à manobra.

Xadrez político. Se cumprir as promessas de campanha —algo que está sendo repensado pelo futuro presidente—, o novo governo terá pelo menos 33 pastas. Entre a composição, os partidos esperam:

  • 10 a 12 ministérios para a federação PT-PCdoB-PV;
  • Até 10 para os partidos que compuseram aliança (PSB, PSOL, Rede, Solidariedade, Pros, Avante e Agir);
  • 3 ou 4 para o MDB;
  • 2 ou 3 para o PSD;
  • 2 para o União Brasil.
Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informava o texto, são necessários 308 votos para aprovar a PEC da Transição, e não 257. O texto foi corrigido.