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Posts de Eduardo Bolsonaro e Hang foram 'machistas' com mulheres, diz juíza

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Luciano Hang foram condenados a apagar posts considerados discriminatórios contra trabalhadoras mulheres - Câmara dos Deputados/Daniel Marenco
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Luciano Hang foram condenados a apagar posts considerados discriminatórios contra trabalhadoras mulheres Imagem: Câmara dos Deputados/Daniel Marenco

Do UOL, em São Paulo

16/12/2022 10h19Atualizada em 16/12/2022 15h32

Duas publicações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do empresário Luciano Hang — com um vídeo que associa a cratera nas obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo à contratação de funcionárias mulheres — deverão ser excluídas pelo Twitter, determinou a Justiça de São Paulo, bem como futuras repercussões do mesmo conteúdo.

O motivo, segundo a juíza Luciana Biagio Laquimia, da 17ª Vara Cível, é a natureza de "estéril manifestação sexista, machista e misógina" da montagem compartilhada por ambos.

Montagem associou acidente às funcionárias. À época do acidente, que ocorreu em fevereiro de 2022, Eduardo e Hang publicaram um vídeo que misturava um conteúdo institucional da construtora Acciona, que destacava programas de incentivo à contratação de mulheres em obras da empresa, com filmagens da cratera na Marginal Tietê.

Junto ao vídeo, Eduardo ainda escreveu uma mensagem, que seria retuitada por Luciano Hang:

'Procuro sempre contratar mulheres', mas por qual motivo? Homem é pior engenheiro? Quando a meritocracia dá espaço para uma ideologia sem comprovação científica o resultado não costuma ser o melhor Eduardo Bolsonaro

A ação foi feita pelas mulheres que aparecem no vídeo institucional da Acciona.

Para a juíza, as duas figuras públicas postaram vídeos em que "sumariamente julgaram e condenaram as autoras pela responsabilidade do acidente nas obras do Metropolitano".

"Em até 140 caracteres: o post consiste em estéril manifestação sexista, machista e misógina, juridicamente violadora de direitos das autoras", escreveu, fazendo referência ao limite de caracteres da rede social.

Na decisão, Luciana Biagio Laquimia ainda compartilhou o que diz a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, da ONU (Organização das Nações Unidas). O Brasil é signatário do texto, que estabelece como discriminação:

Toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo.

Publicações já estão fora do ar. Nesta sexta-feira (16), os posts de Eduardo e Luciano estavam fora do ar.

Em nota, Luciano Hang afirmou que "não faz parte do processo que, na realidade, é contra o Twitter", já que o pedido feito pelas funcionárias era apenas da exclusão do post.

"Desta forma, a defesa do empresário compareceu no processo para informar que a publicação já havia sido retirada. Sendo assim, Hang foi excluído do processo. A decisão de abril já reconhecia a exclusão da postagem do empresário da rede social"

O UOL procurou a assessoria do deputado Eduardo Bolsonaro e aguarda retorno.

Na época da repercussão da postagem, o filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu-se das críticas, dizendo que quem teria discriminado homens pelo programa de incentivo a mulheres na área de atuação fora a construtora Acciona.