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PSOL decide compor com Lula no Congresso e filiados podem aceitar cargos

O ex-presidente Lula (PT) se encontra com Guilherme Boulos (Psol) em 1º de fevereiro de 2022 - Ricardo Stuckert
O ex-presidente Lula (PT) se encontra com Guilherme Boulos (Psol) em 1º de fevereiro de 2022 Imagem: Ricardo Stuckert

Do UOL em Brasília

17/12/2022 17h37

Após disputas internas, o PSOL decidiu hoje que filiados podem aceitar cargos no governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desde que não façam parte da direção partidária e não falem em nome da legenda. Caso sejam da direção do PSOL, será preciso se licenciar da função no partido.

A sigla definiu também que irá compor a base do governo Lula no Congresso. O apoio de uma bancada parlamentar é importante para que o Executivo compute votos para aprovar projetos do seu interesse. O PSOL elegeu 12 deputados neste ano.

Desde o resultado das eleições, o PSOL teve atritos internos sobre a participação no governo Lula — apesar de ter sido um dos primeiros a formalizar apoio à candidatura do petista à Presidência.

Um grupo representado pela líder do partido na Câmara, a deputada Sâmia Bomfim (SP), era contra a participação de membros do partido em cargos do novo governo.

Já outra ala, representada pelo deputado eleito Guilherme Boulos (SP) e pelo presidente do PSOL, Juliano Medeiros, era a favor.

Boulos participou ativamente dos trabalhos do governo transição e é um dos nomes cotados para assumir o Ministério das Cidades.

Outra integrante do PSOL cotada para o novo governo é a deputada eleita Sonia Guajajara, que pode encabeçar o Ministério dos Povos Originários.

"Compreendemos que a indicação de Sonia Guajajara, como liderança do movimento indígena, para o Ministério dos Povos Originários é uma conquista de extrema importância para uma luta tão atacada por Bolsonaro e deve ser respeitada pelo partido", diz a resolução. O nome de Boulos não é citado.

Disputa interna. Em nota, Medeiros, presidente nacional do partido, disse que o resultado da reunião foi bastante positivo. "Conseguimos ajustar as diferenças internas no PSOL e reafirmar nosso apoio ao governo Lula para reconstruir o Brasil. Ao mesmo tempo, manteremos nossa essência combativa em defesa das políticas de justiça social, ajudando o novo presidente a entregar um país melhor para todos daqui quatro anos", disse.

Na resolução, o partido definiu que apoiará o governo Lula "em todas as suas ações de recuperação dos direitos sociais e de interesses populares" e também contra o "bolsonarismo".

"Por ampla maioria, foram 56 na resolução aprovada contra 6, o PSOL definiu que não terá cargos no governo Lula e que os filiados que eventualmente assumirem cargos, serão licenciados dos seus organismos de direção e não falam em nome do partido", disse Bomfim.

A ressalva foi uma costura para chegar a um meio termo e resolver as divergências internas.

"Nossa relação será baseada no compromisso com as pautas populares, não em negociação de espaços ou condicionada à composição de Ministérios. Enquanto o centrão negocia cargos, o PSOL irá privilegiar a negociação de propostas", disse o Diretório Nacional do partido.

Em relação à decisão de compor a base do novo governo no Congresso, o PSOL considerou que "a extrema-direita é o inimigo prioritário" do partido e que "esse cenário exige uma localização pública do partido em apoio ao governo Lula no Congresso Nacional".