Realidade se impôs, e Bolsonaro abandonou promessas ao longo do mandato
Jair Bolsonaro (PL) venceu a disputa pela Presidência da República em 2018 com um mix de propostas genéricas.
Somadas à época ao cenário de forte antipetismo, exaltação a valores conservadores e sucesso de pautas como segurança pública e combate à corrupção, suas ideias conquistaram o voto de 57,7 milhões de brasileiros naquele ano.
Nos quatro anos do mandato, que termina nos próximos dias, porém, muitas das promessas ficaram pelo caminho. Procurado pela reportagem, o governo Bolsonaro não se manifestou até a publicação deste texto.
Na campanha de 2018, ele defendeu a proposta de reduzir o número de ministérios.
- Bolsonaro chegou a falar em governar com apenas 15 pastas, mas começou o mandato com 22.
- Número era menor em comparação com as gestões Dilma/Temer, que tinham 29.
- Diante de ameaças de impeachment durante a pandemia, porém, ele selou o "casamento" com o centrão e recriou o Ministério das Comunicações, pasta que acomodou Fábio Faria (PP-RN), que pediu demissão neste mês.
- Desde então, a atual estrutura do governo possui 23 ministérios.
Em 2018, o então candidato também utilizou como mote de campanha a ideia de "acabar com o toma lá, dá cá".
- Termo remete às negociatas e entrega de cargos entre grupos políticos em busca de apoio no Congresso.
- À época, ele se dizia um crítico feroz da chamada "velha política". Isso até o centrão ser necessário.
- Inicialmente, Bolsonaro cedeu a apadrinhados políticos do bloco cargos nos segundos e terceiros escalões de órgãos como o FNDE (Fundo Nacional de Educação) e o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), que gerenciam verbas bilionárias.
- Bolsonaro ajudou ainda a eleger o deputado Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Câmara em 2021
- No Senado, um dos seus principais aliados foi o senador Ciro Nogueira (PP-PI) --que acabou indicado como ministro da Casa Civil.
O plano de governo em 2018 também preconizava uma gestão de "compaixão com o próximo".
- Durante a pandemia, por outro lado, Bolsonaro foi acusado de desrespeitar as vítimas da covid-19.
- Ele chegou a imitar uma pessoa com falta de ar, em alusão aos pacientes que sofriam com insuficiência respiratória.
- Ao ser questionado sobre isso, Bolsonaro se negou a pedir desculpas.
Promessa de fim da reeleição.
- Bolsonaro prometeu que colocaria em discussão no Congresso Nacional o tema.
- A reeleição não só não foi discutida como Bolsonaro concorreu a ela.
O presidente prometeu alterações no sistema tributário brasileiro.
Por meio da reforma tributária, ele disse que iria simplificar e unificar tributos federais. Também afirmou que:
- Reduziria a carga tributária.
- Isentaria o imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
- Colocaria a alíquota única de 20%.
A reforma, no entanto, não avançou no Congresso e está estacionada no Senado Federal.
Pacote anticrime, idealizado pelo então ministro Sergio Moro, recebeu investimento político e de divulgação pelo governo.
O projeto aprovado, no entanto, foi desidratado pelo Congresso Nacional, que derrubou pontos centrais, como:
- "Excludente de ilicitude"
- Prisão após condenação em segunda instância.
- O projeto pelo fim das saídas temporárias de presos chegou a ser aprovado na Câmara, mas está parado no Senado.
- A redução da maioridade penal nem sequer foi discutida até o momento.
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