Topo

Lula liga para eleitor que deu caneta da posse; piauiense rebate polêmica

Fernando Menezes deu a caneta a Lula em 1989; petista usou o item na posse do terceiro mandato - Reprodução/Facebook; e MAURO PIMENTEL/AFP
Fernando Menezes deu a caneta a Lula em 1989; petista usou o item na posse do terceiro mandato Imagem: Reprodução/Facebook; e MAURO PIMENTEL/AFP

Do UOL, em Brasília

05/01/2023 11h45Atualizada em 05/01/2023 15h09

A ligação para Fernando Menezes —morador do Piauí que deu a Lula a caneta usada para assinar o termo de posse— aconteceu por meio de videoconferência na noite de ontem.

Ao UOL Menezes rebateu internautas ao dizer que a caneta foi a mesma que deu de presente a Lula em 1989.

A polêmica da caneta

O assunto gerou polêmica depois que internautas disseram que seria possível reconhecer, por meio de fotos e vídeos, que a caneta usada por Lula na posse é um modelo da marca Montblanc lançado em 2002 —e, portanto, não poderia ter sido presenteado em 1989.

Eu vi a caneta de perto, no telefone, era a caneta que eu comprei. [...] Cheguei em um boteco, tinha a caneta pendurada em preta, vermelha e azul. Eu não tinha dinheiro, só dava para comprar uma azul e uma preta. Tinha a cor, mas só escrevia azul. Tinha cabo vermelho, preto e azul, mas só escrevia azul. Me lembro, comprei duas."
Fernando Menezes, morador do Piauí

O UOL questionou a assessoria de imprensa de Lula sobre a polêmica. Se houver posicionamento, ele será incluído nesta reportagem.

"Eu disse que a homenagem não foi para mim, foi para o povo do Piauí."

O apoiador de Lula relatou que pediu ao presidente atenção à construção do porto do estado e à modernização da universidade federal, "que está sucateada".

Vou cobrar [melhorias], eu disse que ia cobrar, que usasse a caneta para o bem do Piauí. Falei da fome, de acabar com a fome, miséria, pobreza. Falei essas coisas para ele."

Menezes relatou ter aprendido com um professor, em 1977, que "um homem que saísse de casa sem caneta não era homem".

No outro ano, eu conheci o Lula em São Paulo. Depois ele como deputado constituinte, eu falava com ele em Brasília. Depois veio para Teresina, ele que abonou a minha filiação [ao PT]. Toda vez que ele vinha aqui eu dava uma coisa para ele, um boné, uma camiseta. Nesse dia, eu não tinha nada para dar para ele, só tinha a caneta"

Eu comprei duas canetas em Picos, cheguei [em Teresina] na hora da caminhada [eleitoral]. Era um calor terrível. Peguei a caneta e disse: 'Lula é para assinar o termo de posse'. Ele não acreditava na eleição, achava que Collor ia ganhar"

A intermediação da ligação foi feita pelo ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social). Segundo Menezes, a chamada durou cerca de dez minutos e foi feita pelo celular de um assessor de Dias.

Menezes relatou que Lula perguntou se ele é mesmo tio da judoca Sara Menezes, e ele confirmou.

O piauiense diz que é filiado ao PT desde 1985. Morava em Teresina e se mudou para Altos (a 41 km da capital do Piauí). Em 1980, Lula visitou Altos pela primeira vez, diz Menezes. A segunda foi antes da eleição de 89, quando Menezes deu uma caneta a Lula, conta ele.

"Em 1989, eu estava fazendo um comício no Piauí. Foi um grande comício. Depois, nós fomos caminhar até a Igreja São Benedito e, ao terminar o comício, um cidadão me deu essa caneta e disse que essa caneta era para eu assinar a posse, se eu ganhasse as eleições de 89. Eu não ganhei as eleições de 89, eu não ganhei em 94, eu não ganhei em 98", disse Lula.