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Rebelo: Múcio foi traído pelos acontecimentos, e demissão seria injusta

Do UOL, em São Paulo

12/01/2023 11h44Atualizada em 12/01/2023 11h51

Ao UOL Entrevista de hoje, Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa no governo de Dilma Rousseff, avaliou que a conduta do atual chefe da Defesa em relação aos atos terroristas em Brasília não poderia ter acabado em demissão, hipótese levantada — e desmentida — nos últimos dias.

  • Rebelo contou aos colunistas Leonardo Sakamoto, Josias de Souza e Tales Farias sobre uma conversa que teve com outros ex-ministros da Defesa a respeito de José Múcio e da responsabilidade pelos atos de vandalismo nos Três Poderes

O que nos preocupava naquele momento era desestabilizar um ministro que não tem 15 dias que tomou posse. Seria uma sinalização muito ruim para o governo, ainda pior para a Defesa, e uma injustiça com alguém que conta com a confiança de Lula."

Rebelo destacou que Múcio tem uma relação de confiança com o presidente Lula (PT) e que foi escolhido por ser "o homem da mediação".

Para ele, o ministro foi "traído pelos acontecimentos" em relação aos acampamentos em frente aos quartéis e à mobilização dos bolsonaristas.

"No momento em que [Múcio] assume, esses acampamentos estavam no processo de esvaziamento, o que leva o ministro Múcio a achar que em período curto estariam vazios. Ele foi traído pelos acontecimentos", argumentou Rebelo.

  • Toda a avaliação, segundo Rebelo, foi passada para o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA)

Concentração nos quartéis é uma "situação inaceitável"

As invasões do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal, para Rebelo, começaram com a permissão dos acampamentos nas portas de quartéis generais do Exército — classificadas como "inaceitáveis" pelo ex-ministro.

  • No entanto, a falta de informações de inteligência ainda continua sendo o principal ponto de investigação sobre os atos, afirma Rebelo.

"Boa parte daqueles manifestantes veio de outros estados. Tinham 100 ônibus em Brasília, e eles não saíram da porta dos quartéis", afirma.

"O aparato de inteligência, num curto-circuito, não conseguiu coibir. Ninguém chega a Brasília sem passar por uma rodovia federal, sem passar por um posto da Polícia Rodoviária Federal", argumentou.

Moraes é o novo Moro?

Dias após os atos, as decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes foram vistas com parcimônia por Rebelo.

Não quero fulanizar, tenho grande respeito e apreço [por Alexandre de Moraes], mas quero falar da instituição. Que a instituição exorbita, não há dúvida."

Rebelo lembrou de atos do Supremo nos governos de Dilma e Michel Temer (MDB) relativos à proibição de nomear ministros, o que também ocorreu quando Jair Bolsonaro (PL) tentou indicar Alexandre Ramagem para a Polícia Federal.

Com o destaque das ações de Moraes e o "apoio" de setores políticos e da imprensa, Rebelo foi questionado se acha que o ministro pode ser um "novo Sergio Moro" — senador eleito que se popularizou após suas decisões na Operação Lava Jato.

"[Moraes] é mais inteligente que o Moro, não iria querer cumprir esse papel. Moro cumpriu esse papel porque teve muito apoio. Ele não dispõe do processo de investigação do processo da Lava Jato. Essa situação de desequilíbrio, com esvaziamento do Poder Executivo, é um fator permanente de crise", avaliou.

Assista à íntegra do UOL Entrevista com Aldo Rebelo

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