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Advogado diz que Anderson Torres não fará acordo de delação premiada

Do UOL, em São Paulo

18/01/2023 09h34Atualizada em 18/01/2023 14h03

O advogado que representa o ex-ministro Anderson Torres, Rodrigo Roca, disse que não há "qualquer possibilidade" de seu cliente fazer uma delação premiada. A declaração foi em entrevista à CNN Brasil.

Não há a menor possibilidade de delação premiada pelo fato de que não há o que ser delatado
Rodrigo Roca, advogado de Anderson Torres

Roca também afirmou que não vai se manifestar até ter acesso aos autos da investigação.

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal está preso desde o último sábado (14), quando desembarcou no Brasil. Ele estava de férias nos Estados Unidos.

Desde então, Torres permanece no 4º Batalhão da Polícia Militar. O depoimento à Polícia Federal será ainda hoje (18).

Anderson Torres foi preso por omissão e conivência com atos golpistas em Brasília. Na decisão que autorizou a prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ex-secretário deveria ter tomado medidas para prevenir a ocorrência dos crimes. A omissão ficou demonstrada com:

  • A ausência de policiamento, em especial do Comando de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal;
  • A autorização para mais de cem ônibus ingressarem livremente em Brasília sem qualquer acompanhamento policial, mesmo sendo fato notório que praticam atos violentos;
  • Total inércia no encerramento do acampamento na frente do quartel-general do Exército, mesmo quando patente que o local "estava infestado de terroristas".

Segundo Moraes, houve falta de preparação da Secretaria de Segurança Pública para prevenir os atos terroristas.

A decisão de Moraes foi referendada pela maioria do tribunal — por 9 votos a 2, o plenário validou a prisão do ex-ministro. As únicas divergências ficaram com Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante buscas, PF encontrou rascunho de decreto golpista na casa de Torres. O texto buscava instaurar um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral, medida que seria inconstitucional.

A apreensão da minuta foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo UOL. Se posto em vigor, a medida criaria uma comissão composta majoritariamente por militares e quebraria o sigilo de integrantes da Corte.