Falta orçamento para combater garimpo, diz futura presidente da Funai
A futura presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joenia Wapichana (Rede), reafirmou que o orçamento previsto é "insuficiente" para a instituição realizar suas tarefas.
A proposta para 2023, apresentada ainda pelo governo Jair Bolsonaro (PL), é de R$ 600 milhões. Às vésperas de assumir o órgão, a deputada disse ontem à Rede CNN que precisará de ajuda para combater o garimpo ilegal, em especial na região da Amazônia.
A última proposta de lei orçamentária ainda não é condizente à obrigação que a Funai tem para cumprir demarcação, fiscalização, proteção [das terras indígenas]. O governo vai ter um desafio muito grande."
Joenia Wapichana, futura presidente da Funai
Segundo ela, será necessário "buscar operações parcerias" com outras instituições e a iniciativa privada.
Joenia compôs a comitiva do presidente Lula (PT) à Roraima ontem para visitar população ianomâmi. Ele acusou Bolsonaro de ter "abandonado" os indígenas e declarou emergência de saúde pública no local.
Quando se fala das diversas denúncias que os povos ianomâmis fizeram nos quatro últimos anos, principalmente, que avançou o garimpo, ao invés de [o governo] possibilitar uma atuação firme, fez o contrário, tirou-se recursos."
Joenia Wapichana, futura presidente da Funai
Joenia já vem falando sobre o problema com verba desde o início do ano, após ser anunciada como a primeira mulher indígena a dirigir a fundação.
Ela compôs também a lista tríplice indicada por indígenas para assumir o novo Ministério dos Povos Indígenas. A vaga foi ocupada pela companheira Sônia Guajajara (PSOL).
Lula foi ontem à Roraima em meio à denúncias de calamidade de saúde dos ianomâmis. Ele criticou Bolsonaro, disse que priorizará o atendimento à saúde e transporte público para população e reforçou a promessa de acabar com o garimpo ilegal.
Nós vamos levar muito a serio essa história de acabar com garimpo ilegal. E mesmo que seja uma terra que tenha autorização da agência para fazer pesquisa, eles podem fazer pesquisa sem destruir a água, sem destruir a floresta, sem colocar em risco a vida das pessoas que dependem da água para sobreviver."
Lula, em Roraima
"É desumano o que eu vi aqui. Sinceramente, se o presidente que deixou a Presidência esses dias em vez de fazer tanta motociata tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não tivesse tão abandonado como está", completou.
Na tarde de hoje, a bancada do PT na Câmara dos Deputados entrou com uma representação na PGR (Procuradoria Geral da República) contra Bolsonaro e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, por genocídio contra o povo ianomâmi.
Crise sanitária e humanitária. 570 crianças ianomâmis morreram por contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, "devido ao impacto das atividades de garimpo ilegal na região", segundo a pasta dos Povos Indígenas.
Em conjunto com Saúde, a pasta "irá decretar crise sanitária e humanitária, enquanto o Governo Federal decretará o estado de calamidade pública".
Na última quarta-feira (18), o Ministério da Saúde enviou uma equipe para Roraima para elaborar um diagnóstico sobre a população da área.
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