Cláudio Castro tem contas de 2023 aprovadas por unanimidade no TCE do Rio

O governador Cláudio Castro (PL) teve as contas de 2023 aprovadas por unanimidade pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio de Janeiro nesta segunda (27).

O que aconteceu

Membros do TCE acompanharam recomendação do relator. Em seu voto, José Maurício de Lima Nolasco havia se manifestado pela aprovação.

É o terceiro ano em que as contas de Castro são aprovadas pela Corte. O governador está à frente do estado desde agosto de 2020, quando Wilson Witzel foi afastado do cargo por suspeitas de corrupção. Castro foi reeleito em 2022.

Agora, contas seguem para avaliação da Assembleia Legislativa do Rio. A legislação prevê que cabe aos deputados estaduais fluminense o julgamento final das contas.

Governador escapou de cassação

Tribunal Regional Eleitoral do Rio decidiu não cassar Castro na última quinta (23). Com placar de quatro votos a três, o órgão decidiu não levar adiante uma denúncia que se baseava no escândalo dos cargos secretos da Fundação Ceperj e da Universidade do Estado do Rio, revelado pelo UOL.

Nenhum dos desembargadores negou a existência das irregularidades. Porém, a maioria sinalizou que a questão não deveria ser objeto de análise pela Justiça Eleitoral, e sim por outras instâncias. O entendimento estava em linha do que foi proposto pela defesa de Castro ao longo do julgamento.

Ministério Público Eleitoral informou que vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral contra decisão. "Não faltaram provas", afirmou a procuradora regional eleitoral Neide Cardoso após o resultado. A defesa de Marcelo Freixo, candidato derrotado nas últimas eleições e autor de uma das denúncias, também recorrerá.

Série de reportagens do UOL mostrou que dezenas de milhares de pessoas foram contratadas sem transparência. Foram identificados indícios de uso político dos projetos tocados pela Ceperj e pela Uerj.

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Esquema serviu para a contratação indevida de cabos eleitorais, segundo procuradoras. De acordo com Neide Cardoso de Oliveira e Silvana Batini, os contratados foram "utilizados para promover as candidaturas e cooptar votos para as respectivas vitórias, nas urnas, atendendo a interesses pessoais escusos e a perpetuação dos referidos políticos".

Investigação do Ministério Público do RJ descobriu saques de dinheiro vivo na "boca do caixa" no período em que o suposto esquema estava em operação. Ao todo, R$ 248 milhões foram retirados em agências bancárias por dezenas de milhares de pessoas que integrariam o suposto esquema.

Antes de ser absolvido, Castro disse manter confiança na Justiça Eleitoral. Em nota enviada ao UOL, o governador informou que "as suspeitas de irregularidades ocorreram antes do início do processo eleitoral" e que, assim que tomou conhecimento das denúncias, "ordenou a suspensão de pagamentos e contratações" pela Ceperj.

Quem é Cláudio Castro

Chefe do executivo fluminense nasceu em Santos (SP). Cantor gospel com dois álbuns lançados, ele ingressou na vida pública em 2016, como vereador pelo PSC na Câmara Municipal do Rio. Dois anos depois, foi escalado para vice na chapa de Wilson Witzel (à época, no PSC) para o governo do estado, que ganhou.

Em 2022, Castro teve mais votos que Witzel quatro anos antes. Na última eleição, o atual governador teve o apoio de 4,9 milhões de eleitores — contra 4,6 milhões que votaram em Witzel em 2018. Com uma coligação de 14 partidos, Castro teve o apoio de 85 dos 92 prefeitos fluminenses e elegeu maioria na Alerj.

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"Lealdade total" a Bolsonaro não se reverteu em reeleição do ex-presidente. Eleito no primeiro turno em 2022, Castro disse que pediria votos "todos os dias" para o aliado, que foi derrotado por Lula (PT) no segundo turno. Castro e Bolsonaro mantém uma relação amistosa. Em abril, os dois estiveram juntos em um ato em Copacabana.

Sobre Lula: "político experiente". A fala de Castro se deu em entrevista feita em janeiro, quando eles se falaram por telefone por conta das chuvas no Rio. "Não sou inimigo dele", disse Castro à época. Mesmo assim, em março, ele cortou o presidente em uma foto dos dois com o presidente francês Emmanuel Macron.

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