A uma semana da posse, Congresso acelera reforma após vandalismo
Com a posse dos novos parlamentares marcada para o dia 1º de fevereiro, o Congresso faz uma força-tarefa para recuperar os estragos de infraestrutura causados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Substituição de vidros quebrados, troca de carpete e a revitalização de gabinetes têm sido o foco da reforma.
A cerimônia e a eleição da Mesa Diretora da Câmara e do Senado marcam o início da nova legislatura e a expectativa do atual comando de ambas as Casas é que a formalidade reforce o processo democrático, sem alteração no tradicional roteiro do evento.
São esperados discursos dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de defesa à democracia, assim como fizeram logo após a invasão de terroristas às sedes dos Poderes.
No Senado, segundo interlocutores da Presidência, 99% dos vidros já foram recolocados. O gabinete do Pacheco, alvo também dos golpistas, já foi praticamente recuperado. Os espelhos do Salão Azul — onde ficam a presidência e o plenário — foram trocados.
A restauração das obras de arte e a substituição do carpete devem levar mais tempo. O plenário da Casa, que não foi danificado com a invasão dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), receberá a cerimônia de posse e a eleição da cúpula, como de costume.
Na Câmara, o carpete foi muito danificado e também será substítuido, assim como os vidros da Casa. O gabinete da liderança do PT, partido do presidente Lula, que foi invadido pelos manifestantes extremistas, já está "praticamente recuperado", segundo o líder da bancada, deputado Zeca Dirceu (PR).
De acordo com Dirceu, novas instalações no local ainda serão inauguradas na próxima segunda-feira (30), em uma solenidade às 16h.
O prejuízo estimado com os atentados é de R$ 3 milhões na Câmara e de R$ 4 milhões no Senado
Como será o evento de posse dos deputados eleitos?
Os 513 deputados federais eleitos em outubro do ano passado tomarão posse na próxima quarta em sessão marcada para as 10h, no Plenário Ulysses Guimarães, na Câmara.
No mesmo dia, às 16h30, acontece a eleição do novo presidente e da Mesa Diretora para o biênio 2023/2024. As urnas já foram dispostas pelo Salão Verde.
Arthur Lira é candidato à reeleição e já conseguiu o apoio formal das principais bancadas. Lira reúne aliados de todos os espectros políticos, desde o PL, de Bolsonaro, ao PT, de Lula. Sua vitória já é dada como certa nos bastidores.
E no Senado?
Os 27 senadores eleitos tomarão posse também no dia 1º de fevereiro, às 15h. Em seguida, será realizada a eleição dos integrantes da Mesa do Senado. A votação é secreta, assim como ocorre na Câmara.
Rodrigo Pacheco também quer um novo mandato como presidente no Senado. Na avaliação de aliados, ele já reúne entre 55 e 60 votos de senadores das seguintes bancadas: PT, PSD, MDB, União Brasil, PDT, Cidadania, PT e Rede.
O principal adversário, Rogério Marinho (PL-RN), aliado de Bolsonaro, teria até 21 votos. O número, contudo, é contestado pelos senadores que fazem campanha para o ex-ministro de Bolsonaro. O grupo avalia que ele reúne 35 votos e diz que está empatado com Pacheco.
Disputa pelos gabinetes
Como ocorre a cada nova legislatura, deputados e senadores disputaram nas últimas semanas os melhores gabinetes da Casa. Salas amplas, mais próximas aos plenários e a banheiros, são as mais cobiçadas.
Além disso, alguns gabinetes são considerados simbólicos, como a sala ocupada por Jair Bolsonaro (PL), durante seus anos como deputado federal. Ele ocupou até 2018 a de número 482 no Anexo 3, quando o espaço foi entregue à bolsonarista Carla Zambelli (PL). A deputada reeleita vai continuar com o mesmo gabinete.
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