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Elogios a Bolsonaro e voto por impeachment de Dilma: quem é Juscelino Filho

Juscelino Filho (União-MA) é ministro das Comunicações no governo Lula  - Divulgação/Câmara dos Deputados
Juscelino Filho (União-MA) é ministro das Comunicações no governo Lula Imagem: Divulgação/Câmara dos Deputados

Colaboração para o UOL e do UOL, em São Paulo

30/01/2023 12h36

Escolhido pelo presidente Lula (PT) para comandar o Ministério das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA) fazia elogios, quando era deputado federal, a ações do governo Jair Bolsonaro (PL) e votou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016.

Reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que Juscelino direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto em 2022 para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente a fazendas de sua família em Vitorino Freire (MA). Ele argumentou que as propriedades beneficiadas pela estrada são cercadas por "inúmeros povoados".

O ministro é médico radiologista e não tem experiência em Comunicação. Até o ano passado, era um deputado federal do baixo clero.

O Estadão diz que Juscelino Filho nunca teve influência nas discussões nacionais, muito menos no setor de radiodifusão. Apesar disso, tinha força no centrão, o que fez com que se tornasse um dos políticos que mais manejavam verbas do orçamento secreto.

Nascido em São Luís, foi eleito para seu terceiro mandato como deputado federal em outubro e vem de uma família influente no Maranhão —seu pai foi prefeito de Vitorino Freire, deputado estadual e secretário-adjunto no governo Luiz Rocha (1983-87) no MA.

Juscelino apresentou apenas um projeto em 2022, para criar o Dia Nacional do Cavalo. Ao todo, ele assina 16 projetos de lei desde que tomou posse como deputado federal, em 2015.

  • Na Câmara, presidiu o Conselho de Ética em 2019 e 2020, quando os ex-deputados federais Flordelis e Daniel Silveira foram alvos de processo;
  • Ele votou a favor de pautas rejeitadas pelo PT, como a PEC do teto de gastos e a reforma trabalhista.

Na época do impeachment de Dilma, o então deputado ironizou Lula, quando Bruno Araújo (PSDB-PE) deu o voto decisivo para a abertura do processo.

Escolhido aos '45 do segundo tempo'

A articulação para a escolha do deputado para a pasta das Comunicações só foi concluída minutos antes de Lula anunciar os últimos nomes para compor seu governo, em 29 de dezembro.

O petista incluiu as chamadas "cotas parlamentares" em sua equipe para facilitar a relação com o Congresso —caso de Juscelino e de outros escolhidos.

Ao anunciar o nome de Juscelino para chefiar o ministério, Lula se referiu a ele como "companheiro do Maranhão", sem tecer mais comentários.

Elogios à gestão Bolsonaro

Nos últimos anos, Juscelino publicou em suas redes sociais imagens de eventos em que participou ao lado do então presidente Bolsonaro, como a vistoria dos trabalhos de duplicação da BR-135, em outubro de 2020.

Meses antes, em abril daquele ano, no início da pandemia de covid-19, elogiou as medidas do ex-presidente para sancionar o auxílio emergencial.

Emendas do orçamento secreto

Conforme reportagem do Estadão, o agora ministro indicou mais de R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto —parte foi usada para asfaltar a estrada.

Em 2022, ele indicou R$ 16,4 milhões em verbas de emenda do relator, considerada inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no final do ano.

O dinheiro atendeu a projetos na cidade de Vitorino Freire, de pouco mais de 30 mil habitantes, onde sua família tem influência política.