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Torres nega ter sido omisso contra golpistas e pede revogação de prisão

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres - Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do UOL, em Brasília

06/02/2023 17h16

O ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres pediu hoje (6) a revogação da prisão preventiva imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A medida foi antecipada pelo UOL na semana passada.

A defesa de Torres alega, entre outros pontos, que o ex-secretário adotou medidas para prevenir as invasões ocorridas no ato golpista de 8 de janeiro e que há "total ausência" de evidências para associá-lo aos ataques.

"Além de, em nenhum momento, Anderson Torres ter sido omisso nem muito menos conivente com os atos de 08/01, pode-se seguramente afirmar que, desde o início de sua breve passagem pela SSP-DF, ele cumpriu, no estreito quatríduo, integralmente os deveres que lhe foram atribuídos no exercício do cargo, ultimando as providências, sob o seu encargo, para proteger as instituições e o patrimônio público", disse a defesa.

O pedido alega ainda que já se passou quase um mês da prisão de Torres, período em que as autoridades já conduziram diligências para a investigação. Além disso, os advogados dizem que Moraes já concedeu a liberdade provisória ao ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira, na semana passada.

"Esse conjunto de medidas tomadas no curso da investigação não foi capaz de trazer aos autos elemento algum que vá ao encontro da suspeita de omissão criminosa inicialmente considerada pelo Diretor-Geral da Polícia Federal, por parte de Anderson Torres", afirma a defesa.

Ao contrário, as diligências comandadas por Vossa Excelência debelaram as suspeitas inicialmente delineadas na representação feita a essa Suprema Corte"
Trecho do pedido de soltura de Anderson Torres

Caso o ministro negue a liberdade provisória, a defesa pede que ao menos sejam impostas medidas cautelares. Os advogados dizem que Torres está disposto a entregar o próprio passaporte e deixar seus sigilos "à disposição" da Justiça.

Relatório da intervenção diz que Torres soube de risco, mas não agiu

As alegações de Torres se contrapõem às declarações e ao relatório do ex-interventor federal da Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli. O documento apresentado no último dia 27 afirma que Torres recebeu informações sobre possível invasão às sedes dos Poderes, mas não agiu.

"O gabinete do secretário recebeu a informação sobre (a manifestação golpista) e não houve um plano de ações integradas que é de praxe. A informação, difundida na internet, previa invasão de prédios públicos. Faltou comando e responsabilidade", disse Cappelli.

Em janeiro, Cappelli já havia acusado Torres de sabotar o esquema de segurança na capital federal, comparando o aparato policial deslocado para a posse presidencial no dia 1º de janeiro às equipes deslocadas para o ato golpista, na semana seguinte.

"O que mudou em 7 dias? É simples, no dia 2, Anderson Torres assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, exonerou todo o comando da secretaria e viajou. Se isso não é sabotagem, não sei o que é".