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Lula chora em festa do PT e fala que voltou para governar do seu jeito

Lucas Borges Teixeira e Pedro Vilas Boas

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em Salvador

13/02/2023 21h43Atualizada em 13/02/2023 22h56

O presidente Lula (PT) se emocionou durante discurso em ato político de comemoração aos 43 anos do Partido dos Trabalhadores hoje. Chorando, o petista disse que voltou à Presidência para governar "da forma que o país precisa ser governado".

O partido reuniu as principais lideranças políticas — teve até a presença do ex-ministro José Dirceu no palco, um acontecimento raro nos últimos anos. Para uma plateia cheia, mas não lotada, a ex-presidente Dilma Rousseff e a presidente petista Gleisi Hoffmann puxaram ainda o grito de "sem anistia".

Tudo o que fizemos em 13 anos de governo do PT foi destruído em seis anos depois do golpe e do último mandato de quatro anos de um genocida. [...] Um dos melhores momentos da história do país foi em meu governo, onde banqueiro ganhou, empresário ganhou, trabalhador ganhou. Agora, eles dizem que 'Lula vai voltar'. Vai voltar o Lula que a Dona Lindu pariu, para governar esse país da forma que o país precisa ser governado."
Lula

Com o auditório parcialmente cheio no evento realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, participaram governadores, ministros —mesmo os filiados a outros partidos—, senadores, deputados e quadros históricos do partido.

Brincando, ele pediu ainda aos militantes para "rezarem pelo Lulinha" para que ele viva "um pouco mais";

Porque a vida é o dom mais importante que Deus nos deu, e nós temos que aproveitá-la da melhor forma possível --e a melhor maneira possível é a gente ter uma causa, uma razão para viver. Qual melhor razão para viver do que a gente contribuir para melhorar a vida do povo brasileiro? Qual razão melhor para viver do que a gente garantir para aqueles índios yanomamis não morram mais de fome dentro do território nacional?"
Lula

Lula celebrou a história do partido que ajudou a fundar, lembrando que é uma das maiores organizações de esquerda do planeta, e pediu aos filiados que façam doações.

Precisamos mostrar a diferença do PT de todos os partidos políticos desse país. A gente precisa aprender a contribuir para que nosso partido não fique eternamente dependente de fiscalização do TCU [Tribunal de Contas da União]. Temos que ter recursos próprios, e recursos próprios é contribuição dada por nós."
Lula

"Acho que temos que contribuir porque, independente desse fundo todo [partidário, eleitoral], temos que ter fundo da moral, da ética e da vergonha do nosso Partido dos Trabalhadores", completou.

Ele mesmo assinou simbolicamente a renovação a autorização para desconto em folha de sua contribuição mensal ao PT, algo que faz desde os anos 1980.

Além de Lula, só Dilma e Gleisi falaram no evento. Em falas duras, com forte tom de esquerda, as duas pediram a prisão dos golpistas de 8 de janeiro e puxaram gritos de "sem anistia".

Os que atentaram contra a democracia, contra o povo e o país, desde antes do infame dia 8 de janeiro, hão de responder por seus crimes, para que não voltem a repeti-los. É sem anistia!"
Gleisi Hoffmann

A presidente petista também voltou a criticar o Banco Central, pressionando por uma queda na taxa de juros, e declarando que a organização "corrobora com uma mentira" do mercado.

Já Dilma debochou do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos desde dezembro do ano passado.

Saúdo, obviamente, o nosso grande líder [Lula]. Aquele líder que caminhou de cabeça erguida. Não fugiu, não correu, não se esquivou, não saiu do Brasil. Ficou aqui e enfrentou os 580 dias de prisão. Muitas pessoas aconselharam o presidente a ir embora do país. Por que voltamos seis anos depois? Porque teve uma liderança que não 'fugiu da raia'. Encarou e enfrentou.
Dilma Rousseff

Em aparição rara no palco, o ex-ministro José Dirceu participou do evento na última fila, do lado esquerdo.

Figura influente do partido, Dirceu não costuma aparecer no palco de grandes eventos públicos desde que deixou o primeiro mandato de Lula, em 2005, envolvido no escândalo do Mensalão.

Presidente do PT por sete anos, entre 1995 e 2002, seu nome foi saudado pela atual presidente Gleisi Hoffmann no microfone, antes de sua fala, e por Lula. Nas duas vezes que teve o nome mencionado, foi amplamente aplaudido pela militância.

Antes de o evento começar, também foi exibido em vídeo seu, recebido com gritos de "lindo".

Amanhã, o PT realiza jantar de aniversário também em Brasília com objetivo de arrecadar fundos para o partido. As doações pedidas vão até R$ 20 mil.

Lula não vai ao jantar de terça-feira. O presidente irá para a Bahia com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para estrear as inaugurações do seu terceiro mandato.

De manhã, ele parte para Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, para entregar obras do Minha Casa, Minha Vida, segundo o governo paralisadas durante as gestões de Michel Temer (MDB) e Bolsonaro.

Ele dorme em Salvador e, na quarta-feira (15), sobe para Aracaju, onde entrega um trecho da rodovia BR-101, não concluída por Bolsonaro. Volta para Brasília à noite.