Teoria de que Lula deixou 8/1 acontecer é como falar em óvnis, diz deputada
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) comparou teorias bolsonaristas sobre a invasão aos Três Poderes a "histórias de óvnis". No UOL Entrevista de hoje, ela falou sobre a importância da democracia e defendeu a criação de uma CPI para investigar os atos golpistas, que é criticada pelo presidente Lula (PT).
Erika classificou como "absurda" a teoria bolsonarista de que o governo Lula (PT) permitiu a invasão aos Três Poderes para se vitimizar.
Parece história de óvnis, de quem conspira o tempo inteiro e busca narrativas absurdas para dar sustentação a suas teses. É um absurdo dizer que o governo deixou acontecer. É a mesma história de que a Terra é plana.
Deputada Erika Hilton participa do UOL Entrevista
"Vimos algo extremamente planejado e o governo federal não podia atuar acima do governo do Distrito Federal. Então essa tese é um horror."
Erika também criticou a atuação do Exército no 8 de janeiro. "Houve omissão. Há relatos de que foram acionadas as bases e que os comandantes responderam que não iriam atuar. Ficaram de braços cruzados".
A democracia sempre corre risco. Nos próximos quatro anos podemos passar um pouco mais tranquilo, mas não acredito que essa corja tenha aceitado e voltado do buraco de onde saiu. Imagino que estejam conspirando o tempo todo, tentando voltar ao Poder.
Deputada Erika Hilton participa do UOL Entrevista
Lula ceder verba a Lira é diferente do orçamento secreto, diz Erika Hilton
A deputada federal Erika Hilton disse que não foi procurada em meio a negociações do governo Lula e de Arthur Lira (PP-AL) para distribuir emendas a deputados novatos. No UOL Entrevista de hoje, ela disse que há negociações mais importantes no momento.
"Não recebi proposta. Claro que compreendemos a importância das emendas. É um direito constitucional, mas não precisava estar na mesa de negociações neste momento. A legislatura começou a 16 dias, talvez tenha uma precipitação."
Deputados recém-eleitos, como Erika Hilton, não conseguem indicar emendas, porque o Orçamento é negociado e fechado antes de eles assumirem o mandato. Por isso, na campanha para manter o comando da Câmara, Arthur Lira prometeu que os novatos também poderiam, ao longo de 2023, enviar dinheiro para obras e projetos em seus redutos eleitorais.
Agora, o governo Lula fechou um acordo com Lira para que parte da verba de ministérios seja usada para bancar emendas de deputados novatos. Aliados afirmam que a sinalização é a de que cada 1 dos 219 novos deputados possa usar R$ 13 milhões como se fossem emendas.
Erika acrescentou que o governo Lula não está comprando votos com o acordo para distribuição de emendas. "É governabilidade. Sabemos da dificuldade do Congresso".
Ela criticou ainda o orçamento secreto, que no governo Jair Bolsonaro foi usado como moeda de troca no Congresso.
"[A distribuição de emendas] é um gesto do governo de tentar organizar para que consiga se movimentar. É diferente do que ocorreu com o orçamento secreto. Tenho certeza que o governo Lula não vai continuar com essa prática criminosa, nefasta, corrupta."
Erika Hilton defende que Campos Neto vá ao Congresso explicar juros altos
Para a deputada Erika Hilton, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deve prestar esclarecimentos ao Congresso. Nos últimos dias, o governo Lula tem feito críticas a Campos Neto e ao Banco Central porque o órgão manteve a taxa de juros em 13,75%.
Aliados de Lula chegaram a sugerir mudanças para acabar com a autonomia do BC e até mesmo destituir Campos Neto do cargo, propostas rechaçadas pelo presidente.
Temos questões, há perguntas a serem feitas. [A convocação] não me parece algo fora do normal, me parece algo muito justo. Depois, poderemos falar em demissão, mas a discussão ainda é prematura.
Deputada Erika Hilton participa do UOL Entrevista
Ela acredita que a discussão sobre autonomia do Banco Central é um mecanismo do governo Lula para pressionar o órgão, mas que pode votar com o governo se proposta chegar ao Congresso. "Se for para derrubar juros, dar mais dignidade ao povo, à classe trabalhadora e ao pobre, não vejo motivo para assim não fazer".
Na última terça-feira (14), durante evento promovido pelo BTG Pactual, Roberto Campos Neto disse que "45 dias é pouco tempo" para avaliar o governo e pediu paciência aos investidores. A fala foi considerada como um aceno do presidente do BC ao governo federal.
O UOL Entrevista de hoje é apresentado por Fabíola Cidral e participam Tales Faria e Juliana Dal Piva, colunistas do UOL.
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