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Enviado dos EUA vem ao Brasil para debater ação milionária antidesmatamento

John Kerry deverá se encontrar com integrantes do alto escalão ministerial de Lula - Divulgação
John Kerry deverá se encontrar com integrantes do alto escalão ministerial de Lula Imagem: Divulgação

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

24/02/2023 15h36Atualizada em 24/02/2023 16h25

O enviado especial do governo dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry, chega ao Brasil neste fim de semana.

O que está previsto na visita

  • Kerry deverá se reunir com funcionários do alto escalão ministerial do presidente Lula (PT) para avançar na negociação para o pagamento de cerca de US$ 50 milhões (R$ 261 milhões) ao Fundo Amazônia.
  • No encontro, representantes dos dois países discutirão ainda a possibilidade de um trabalho conjunto de combate à crise climática.
  • A meta é chegar a um acordo para coibir e reverter o desmatamento, "avançando na transição para a energia limpa e construindo uma bioeconomia forte", afirmou a Casa Branca.
  • As reuniões serão realizadas em Brasília de 26 a 28 de fevereiro. Em seguida, Kerry cumprirá outras agendas no Panamá, de 1 a 3 de março, e no Estado norte-americano do Texas, de 6 a 7 de março.

No início deste mês, após encontro de Lula com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Casa Branca anunciou que fará doações ao Fundo Amazônia. Criado em 2008, o programa funciona com pagamentos baseados em resultados de conservação da floresta amazônica.

As doações ocorrem quando há queda nas taxas de desmatamento, com base nos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Em 15 anos, o Fundo Amazônia arrecadou R$ 3,4 bilhões em doações. A maior parte veio da Noruega (R$ 3,18 bilhões). A Alemanha depositou R$ 192,6 milhões. A Petrobras também doou ao fundo, com R$ 17,2 milhões.

A gestão do fundo é feita pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Um técnico, que certifica dados e cálculos de emissões, e outro orientador, com membros da sociedade civil, que define critérios para aplicação de recursos, completam a equipe administrativa.

Os pagamentos são voluntários, podem ser feitos por outros governos e também por empresas. Novos aportes foram paralisados durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), após decreto presidencial que extinguiu conselhos participativos.

Com isso, os europeus suspenderam os repasses. Além disso, sucessivos recordes de desmate nos últimos quatro anos espantaram novos parceiros. Após a derrota do ex-presidente nas eleições de 2022, no entanto, novos investimentos e intenções de acordos passaram a ser anunciadas.

A Noruega disse que reativaria a ferramenta e a Alemanha declarou investimentos de cerca de R$ 194 milhões, como recompensa por dados positivos de desmatamento em 2017. Desde então, outros países se juntaram ao coro.

Em visita ao Brasil, a chanceler francesa, Catherine Colonna, afirmou que a França e a União Europeia estudam contribuir para o fundo. O Reino Unido também sinalizou que estava analisando essa possibilidade, e haveria, ainda, negociações nesse sentido com a Suíça.