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Asfalto até fazenda, patrimônio oculto: as suspeitas contra Juscelino Filho

Médico e sem experiência em Comunicação, Juscelino era um deputado federal do baixo clero até o ano passado - Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
Médico e sem experiência em Comunicação, Juscelino era um deputado federal do baixo clero até o ano passado Imagem: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

28/02/2023 12h17Atualizada em 03/03/2023 09h56

Juscelino Filho (União Brasil-MA), ministro das Comunicações do governo Lula, enfrenta suspeitas que vão de ocultação de patrimônio ao uso de orçamento secreto para beneficiar uma propriedade da família.

O presidente Lula (PT) disse que Juscelino deixará o governo caso não prove sua inocência. O petista afirmou em entrevista à BandNews FM ontem (2) que conversará com o ministro na segunda-feira (6).

Médico radiologista e sem experiência em Comunicação, Juscelino era um deputado federal do baixo clero até o ano passado. Foi incluído por Lula na sua equipe nas chamadas "cotas parlamentares" para facilitar relação com o Congresso.

Benefício a fazenda com orçamento secreto

O ministro direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente a oito fazendas da sua família. As propriedades ficam em Vitorino Freire (MA), segundo o jornal O Estado de S. Paulo, onde a irmã dele, Luanna Rezende, é prefeita.

No total, a obra para asfaltar a estrada foi orçada em R$ 7,5 milhões. Apenas o trecho de 19 km, que passa em frente às fazendas da família de Juscelino Filho, custou R$ 5 milhões. O restante atende 11 ruas em povoados da cidade.

Juscelino justificou que fazendas beneficiadas pela estrada são cercadas por "inúmeros povoados". Ele disse considerar "leviano" afirmar que a estrada beneficiou apenas sua propriedade.

Patrimônio em cavalos oculto

Juscelino não informou um patrimônio de pelo menos R$ 2,2 milhões em cavalos de raça ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele entregou a declaração de bens em 2022, quando registrou sua candidatura a deputado federal, segundo o Estadão.

Ele informou um patrimônio de R$ 4,457 milhões em sua declaração ao TSE. O valor declarado é semelhante aos R$ 4,426 milhões que ele movimentou em leilões desde 2018, segundo o jornal. Procurado, o ministro ainda não se pronunciou.

Os cavalos são criados num haras também em Vitorino Freire. No papel, a propriedade pertence à irmã do ministro e a Gustavo Marques Gaspar, um ex-assessor dele na Câmara. Em leilões, no entanto, Juscelino é festejado pelos organizadores como o dono.

Avião da FAB para participar de leilões de cavalos

O ministro foi a São Paulo em uma viagem que justificou como urgente, mas cuja maior parte foi dedicada a agenda pessoal, segundo reportagem do Estadão. Ele saiu de Brasília em 26 de janeiro e seus compromissos oficiais duraram 2h30, mas a viagem se estendeu até segunda-feira (30).

Ele assessorou compradores de animais e recebeu o "Oscar" dos criadores naquele fim de semana. Também promoveu um de seus animais e inaugurou praça em homenagem a um cavalo de seu sócio naquele fim de semana.

Juscelino é apaixonado por cavalos — o projeto para criação do dia nacional do animal foi o único apresentado por ele em 2022.

O ministro disse que devolveu as diárias recebidas, após a publicação da reportagem. O ministério negou irregularidades e disse ser "inaceitável aventar qualquer prática ilegal" porque Juscelino estaria em seu "período de folga".

Dados falsos sobre voos de helicóptero

Ele informou à Justiça Eleitoral que transportou cabos eleitorais em viagens durante a campanha para deputado, mas os passageiros são uma família de São Paulo que diz não conhecer o ministro.

Juscelino usou a lista falsa de passageiros para prestar contas à Justiça Eleitoral de R$ 385 mil gastos do Fundo Eleitoral com sua campanha, segundo o Estadão.

O pai da família que aparece na planilha de Juscelino disse que o episódio foi uma "fraude".

A defesa do ministro afirmou, porém, que "todos os voos foram feitos em prol da campanha eleitoral, bem como todas as pessoas que constam nos relatórios prestaram serviços diretamente à campanha".