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Homenagem a Pacheco no TSE tem defesa da democracia e críticas a Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

07/03/2023 20h23Atualizada em 08/03/2023 12h05

A cerimônia em homenagem ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Tribunal Superior Eleitoral se tornou palco público de elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e críticas veladas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Pacheco recebeu a Ordem do Mérito Assis Brasil, honraria concedida pelo TSE a juristas que atuam em defesa da Justiça Eleitoral. A medalha foi sugerida por Ricardo Lewandowski, indicado de Lula ao STF, e aprovada pelo plenário em outubro do ano passado.

Primeira a discursar, a ministra Cármen Lúcia usou o momento também para criticar atos golpistas e ataques à democracia perpetuados por bolsonaristas.

O que aconteceu:

  • A ministra disse que "não vivemos tempos de facilidades humanas nem civilizatórias", e que temos "experimentado tumultos com os quais já não contávamos, e esperávamos superadas as ideias antidemocráticas e contrárias às liberdades".
  • "Mas os devaneios autoritários não descansam, nem dão sossego. Os últimos tempos da história brasileira mostraram ataques à democracia; às liberdades sociais, individuais e coletivas; às eleições, e ao Poder Judiciário", completou a ministra do TSE e do STF (Supremo Tribunal Federal)

A medalha da ordem de mérito eleitoral Assis Brasil, que este TSE entrega agora ao senador Rodrigo Pacheco, tem a tríplice dimensão de símbolo de reconhecimento profissional, de amizade institucional e de agradecimento cívico."
Ministra Cármen Lúcia

Segundo a ministra, "vivemos um tempo de ouvidos surdos, de línguas felinas e despregadas do que é dito". "De palavras vãs e banalizadas, mesmo as mais graves e mais ofensivas, e que se pronunciam sem qualquer cuidado ou compromisso", disse.

Ser ouvido sem urgência e com cuidado, virou quase um privilégio, tão escasso anda nos dias atuais. E ser ouvido presencialmente, em tempos de telas constantes e ausentes, e robôs presentes, nem se diga. O senador mantém sua placidez."
Ministra Cármen Lúcia

Pacheco, ao agradecer, também fez críticas veladas ao afirmar que "a despeito dos ataques proferidos", a urna eletrônica é vista com confiança pela população brasileira.

"Realizadas as eleições, a população brasileira reconheceu o resultado das urnas, entendendo como legítima a apuração realizada por esta Corte", afirmou.

Após o fatídico acontecimento de 08 de janeiro de 2023, em que uma minoria golpista tentou tomar de assalto o poder, foi realizada uma reunião inédita, em caráter emergencial, na qual os chefes de Poder e os representantes dos estados brasileiros foram às sedes dos Três Poderes demonstrar solidariedade e, sobretudo, união. O nobre objetivo do encontro era mandar um recado claro para a população: estavam juntos, ali, com o intuito de preservar a democracia e suas instituições"
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado

O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, fez um discurso rápido para encerrar o evento e aproveitou a cerimônia para elogiar Pacheco, afirmando que o senador promove a política "sem ódio, sem discriminação e sem violência".

"É um agregador, pessoa com paciência para discutir questões políticas, e homem público absolutamente intransigente em relação aos pilares da democracia", disse Moraes.

Afagos ao governo petista. Pacheco também aproveitou a ocasião para elogiar Lula e enaltecer programas sociais que são a marca da gestão do PT, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.

"Tenho certeza de que sua experiência como Presidente da República por oito anos e a sua capacidade de diálogo, mundialmente conhecida, serão primordiais para que possamos enfrentar os problemas reais do Brasil", disse Pacheco.

Aproximação. A presença de Lula no ato tem valores simbólicos e práticos. Em movimento que vem ocorrendo desde a campanha, o petista tem procurado se aproximar cada vez mais do chefe do Legislativo.

Durante a eleição para a presidência da Casa neste ano, o bloco governista uniu-se ao centrão em prol de Pacheco para barrar a candidatura do senador bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN). A vitória do mineiro foi vista, também, como uma vitória do petista.

A ida é mais um destes gestos. Ao participar de eventos públicos que, na teoria, não cobram a presença do Executivo, o presidente mostra a disposição de associar as imagens.

Com a proximidade, segue garantindo um parceiro valioso para composição de maioria no Senado, ao passo que reforça o que chama de "pauta democrática" —um discurso que funciona tanto para ele quanto para Pacheco, que se distanciou de vez do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do bolsonarismo.