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Dino determinará investigação de rastreamento feito pela Abin de Bolsonaro

O ministro Flávio Dino, em entrevista no Palácio do Planalto - Lucas Borges Teixeira/UOL
O ministro Flávio Dino, em entrevista no Palácio do Planalto Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

Do UOL, em Brasília

15/03/2023 13h57

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou hoje que vai determinar à Polícia Federal a abertura de uma investigação sobre o monitoramento de celulares feito pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Documentos, revelados nesta semana pelo jornal O Globo, mostram que a Abin usou um programa secreto para rastrear a localização de pessoas durante a antiga gestão. Na prática, qualquer aparelho poderia ser monitorado sem justificativa oficial — o que é ilegal.

Nós tivemos a comprovação do uso indevido de equipamentos. Conversei com o delegado Andrei [Rodrigues, diretor da PF], e, claro que a investigação sobre espionagem ou sobre mau uso dos equipamentos da Abin será procedida pela Polícia Federal.
Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública

Na tarde de ontem (14), o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também disse que avalia apresentar um requerimento de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar o caso.

"Isso é muito grave e mostra o que foi o descalabro desses quatro anos, em que até a vida privada das pessoas foi perseguida", afirmou Randolfe.

Entenda o caso

Nos três primeiros anos do governo Bolsonaro, a Abin usou um programa secreto para monitorar a localização de cidadãos a partir de dados do celular. As informações foram divulgadas por O Globo, que acessou documentos e ouviu o relato de servidores do órgão.

Há relatos de que o programa foi usado até mesmo contra agentes da Abin e um procedimento interno foi aberto para apurar os critérios de uso da tecnologia.

Segundo a Abin, "o contrato 567/2018, de caráter sigiloso, teve início em 26 de dezembro de 2018 e foi encerrado em 8 de maio de 2021". A agência diz que a "solução tecnológica em questão não está mais em uso".